Por Michel Rose
COLOMBEY-LES-DEUX-EGLISES, França (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, buscou se envolver no manto do herói de guerra Charles de Gaulle nesta quinta-feira após uma onda de renúncias ministeriais ofuscarem uma aura de invencibilidade que acompanhou seu primeiro ano no poder.
Macron viajou de helicóptero a Colombey-Les-Deux-Églises, no leste da França, onde De Gaulle tinha sua propriedade rural, para celebrar o 60º aniversário da Constituição que o ex-general elaborou, criando um poderoso papel para o presidente.
Saudando a durabilidade do sistema presidencial da França antes de colocar uma coroa de flores sobre a tumba de De Gaulle, Macron disse: “Isto me permite evitar a tirania do imediatismo, que é um absurdo de nossos tempos, que significa que caprichos do dia-a-dia não devem decidir o rumo de uma nação”.
Macron buscou se mostrar como um líder aos moldes de De Gaulle, uma figura paterna da França moderna que fez de sua forte autoridade um totem de sua Presidência e possuía um profundo senso de convicção em seu próprio destino. Em sua fotografia oficial, uma cópia das memórias de guerra de De Gaulle está na mesa de Macron.
Mas até mesmo De Gaulle, que frequentemente entra em pesquisas de opinião como uma das maiores figuras históricas da França, perdeu o brilho do sucesso conforme buscava reconstruir a economia francesa após a Segunda Guerra Mundial e reformar instituições políticas.
“De Gaulle poderia ser imperioso, desde que entregasse resultados positivos à França. Macron enfrenta o mesmo desafio, conforme eventos se amontoam sobre ele”, disse Jonathan Fenby, autor de “The General: Charles de Gaulle and the France He Saved”.
Há 60 anos, De Gaulle sentiu um dever de transformar a França conforme o país lutava com uma sangrenta guerra colonial na Argélia e instituições fracas e instáveis. Macron também acredita que deve renovar a França para tornar suas instituições mais eficientes, gerar crescimento e conter o aumento do populismo de extrema-direita.
“Foi o espírito de 1958, deve ser o de 2018, porque hoje, assim como antes, e hoje talvez mais que antes, as pessoas querem se sentir ouvidas pelas elites políticas constantemente solicitadas a se provarem”, disse Macron em discurso nesta quinta-feira.
Macron, de 40 anos, quer atualizar a Constituição da França para cortar o número de parlamentares em um terço e introduzir uma dose incomum de representação proporcional.