CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, disse nesta quarta-feira que o país não é seguro e criticou o presidente anterior por uma política de segurança fracassada e por se recusar a aceitar assistência norte-americana.
"A realidade é que, no momento, o México não é seguro", disse Salazar durante entrevista coletiva em sua residência na Cidade do México.
O embaixador criticou diretamente o ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, dizendo que a coordenação de segurança entre México e EUA foi prejudicada durante seu mandato.
"Infelizmente, essa coordenação fracassou no último ano, em grande parte porque o presidente anterior não queria receber ajuda dos Estados Unidos", disse.
A tentativa de López Obrador de lidar com as causas fundamentais da violência, uma estratégia que ele chamou de "abraços, não balas", "não funcionou", disse Salazar.
Ele acrescentou que espera que a presidente Claudia Sheinbaum, que assumiu o cargo no mês passado, tenha mais sucesso no combate ao crime e à violência, investindo mais em segurança.
Sheinbaum, que pertence ao mesmo partido de López Obrador, enfatizou que sua política de segurança será próxima à do presidente anterior.
Os comentários ocorrem depois que as relações entre López Obrador e Salazar ficaram cada vez mais tensas nos últimos meses, após o embaixador criticar uma reforma judicial que estava sendo conduzida pelo ex-presidente.
Isso marca uma forte mudança em relação ao início do mandato de López Obrador, quando se considerava que ambos tinham uma relação de trabalho próxima -- o que alguns diplomatas norte-americanos criticaram em conversas privadas.
O México tem enfrentado uma recente onda de violência, com centenas de mortos em guerras entre cartéis no Estado de Sinaloa e massacres em outros Estados, como Querétaro, onde 10 pessoas foram mortas em um bar no último fim de semana.
(Reportagem de Diego Delgado)