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ESTREIAS-Premiados “Ferrugem” e “As Herdeiras” chegam aos cinemas

Publicado 29.08.2018, 17:35
© Reuters. Ana Brun é premiada no Festival de Berlim

SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país na quinta-feira:

“FERRUGEM”

- Vencedor de três prêmios no Festival de Gramado 2018, inclusive o de melhor filme, o drama “Ferrugem”, de Aly Muritiba, tematiza muitas questões contemporâneas na mesma história, centrada num grupo de adolescentes em Curitiba.

Dividido em duas partes, o filme retrata o universo desses jovens, movidos pelo contato permanente com as redes sociais. Na primeira parte, a história se fecha entre casa, escola e uma eventual excursão escolar, tudo mediado pelo celular que não sai das mãos de Tati (Tiffany Dopke), René (Giovanni De Lorenzi) e Edu (Pedro Inoue).

Tudo parece muito normal nesse cotidiano embalado pelos namoros que começam e acabam. Mas, quando Tati perde o celular, vai perceber que o prejuízo é muito maior. No dia seguinte, quando chega à escola, descobre que foi vazado um vídeo íntimo seu, o que deflagra o inferno do bullying e do linchamento virtual.

“AS HERDEIRAS”

- Ganhador de seis prêmios no Festival de Gramado 2018 – entre eles, filme, direção e atrizes – “As Herdeiras” é um raro exemplar do cinema paraguaio, um filme de profunda delicadeza e um acertado retrato de uma elite decadente.

Chela (Ana Brun, também premiada no Festival de Berlim) faz parte de uma elite financeira que agora enfrenta a decadência. Sem dinheiro, é obrigada a vender objetos e móveis da família. Para que não sofra com essas perdas, é protegida por sua companheira de anos, Chiquita (Margarita Irun). Quando esta é presa por fraude, a protagonista terá de enfrentar o mundo.

Escrito e dirigido por Marcelo Martinessi, o filme aborda diversos assuntos – desde a crise social e moral até o desejo sexual de uma mulher madura – sem nunca se perder. Ajuda muito o fato de contar com atrizes competentes no elenco. Sua carreira de sucesso em festivais leva a crer em suas chances de ser a primeira produção paraguaia indicada ao Oscar de Melhor filme estrangeiro.

“O CANDIDATO HONESTO 2”

Leandro Hassum assume, novamente, o papel-título nessa comédia que faz humor com a política nacional. Depois de cumprir pouco tempo dos 400 anos de condenação, João Ernesto sai da cadeia disposto a abandonar a política. Mas acaba convencido a se candidatar, tendo como vice Ivan Pires (Cassio Pandolfh), um sujeito de aspecto vampiresco e que fala o tempo todo usando mesóclises.

Como não é preciso muito esforço para fazer humor com a política brasileira, o diretor Roberto Santucci realiza uma comédia no piloto automático, com piadas datadas de, pelo menos, dois anos, envolvendo o impeachment e a ex-presidenta Dilma Rousseff (Mila Ribeiro).

Hassum faz aquilo que sabe: um humor histriônico e careteiro, tentando rir até de si mesmo, quando seu personagem vai ao cinema presidencial, onde descobre que só pode ver filmes nacionais e, depois de reclamar da produção e dos festivais brasileiros, conclui que Leandro Hassum perdeu a graça depois que emagreceu.

“NICO, 1988”

Vencedor da mostra Horizontes do Festival de Veneza 2017, o drama “Nico, 1988”, de Susanna Nicchiarelli, é um mergulho sensível nos últimos anos de vida da roqueira alemã Christa Päffgen, mais conhecida como Nico.

Depois de uma breve notoriedade nos anos 1960, associada à banda Velvet Underground e ao artista Andy Warhol, Nico (Trine Dyrholm) vive uma maturidade decadente, sofrendo os efeitos do prolongado vício em heroína e inúmeros traumas – como a separação de seu filho, Ari, cuja guarda ela cedeu aos avós paternos, quando o menino tinha 4 anos.

Nico exibe no corpo as marcas de sua vida inconstante. Não é mais a bela mulher que um dia foi modelo, o que ela até celebra, numa conversa com seu atual empresário, o inglês Richard (John Gordon Sinclair): “Eu não era feliz quando era bonita”. Esta espécie de autoconsciência amarga, ironicamente, é o que sustenta o que resta de seu talento e sua voz, que só ocasionalmente atingem o auge.

“YONLU”

- Ganhador do Prêmio da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) na Mostra de São Paulo 2017 e também no Festival de Madri, “Yonlu” tem como inspiração uma trágica história real, a do jovem gaúcho Vinícius Gageiro Marques, que, aos 16 anos, se matou, em 2006, seguindo sugestões de amigos virtuais. Escrito e dirigido por Hique Montanari, o longa lida de maneira honesta com o tema difícil.

Yonlu, como o rapaz era conhecido, era um músico talentoso com a possibilidade de uma carreira de sucesso, mas também sofria de depressão. O filme intercala cenas dele, interpretado por Thalles Cabral, com uma entrevista de seu psicanalista (Nelson Diniz), que foi publicada em 2009 e, aqui, serve como esclarecimento para alguns momentos da narrativa.

© Reuters. Ana Brun é premiada no Festival de Berlim

A trama se desenrola sob um véu da melancolia e tragédia anunciada mas, mais do que querer explicar Yonlu, Montanari celebra a vida e a arte do rapaz. Assim, cria um filme que serve como um apelo e um alerta, levantando uma discussão sempre necessária sobre o ambiente virtual.

(Por Alysson Oliveira e Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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