Por Jonathan Landay
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos e seus parceiros de negociação concordaram, em segredo, em permitir que o Irã se esquivasse de algumas restrições do acordo nuclear histórico do ano passado com o objetivo de cumprir o prazo final para que os iranianos começassem a ter um alívio das sanções econômicas, de acordo com um relatório de um centro de análises divulgado nesta quinta-feira.
O relatório do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, com sede em Washington, tem como base informações fornecidas por várias autoridades de governos envolvidos nas negociações. O presidente do grupo, David Albright, ex-inspetor de armas da Organização das Nações Unidas e um dos autores do relatório, não quis identificar as autoridades, e a Reuters não teve como verificar de forma independente as afirmações do relatório.
"As isenções ou brechas estão acontecendo em segredo, e parece que elas favorecem o Irã”, disse Albright.
O relatório provocou um coro de críticas republicanas, incluindo da campanha do candidato do partido a presidente, Donald Trump. A campanha buscou ligar as conclusões com a rival democrata de Trump, Hillary Clinton, que era secretária de Estado quando conversas secretas foram mantidas com o Irã, mas que já havia deixado o cargo quando as negociações formais começaram.
"O acordo nuclear profundamente falho que Hillary Clinton secretamente liderou com o Irã parece pior e pior a cada dia”, afirmou num comunicado o general aposentado Michael Flynn, assessor de Trump. “Está agora claro que o presidente Obama cedeu demais para assegurar um acordo frágil que é cheio de brechas.”
A campanha de Hillary não comentou de imediato o relatório.
Entre as isenções havia duas que permitiram que o Irã excedesse os limites do acordo sobre a quantidade de urânio pouco enriquecido que o país poderia manter nas suas instalações nucleares, segundo o relatório. Esse tipo de urânio pode ser purificado em urânio altamente enriquecido, que pode ser usado em armas.
As isenções, de acordo com o relatório, foram aprovadas pela comissão conjunta que o acordo criou para supervisionar a implementação. A comissão é composta pelos Estados Unidos, os seus parceiros de negociação e o Irã.
Uma importante e “informada” autoridade foi citada pelo relatório dizendo que se a comissão conjunta não tivesse agido para criar essas isenções, algumas das instalações iranianas não estariam em conformidade com o acordo até 16 de janeiro, o prazo final para o início da suspensão das sanções.
O governo norte-americano tem dito que as potências mundiais que negociaram o acordo, os EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, não fizeram nenhum arranjo secreto.
Uma autoridade da Casa Branca, falando em condição de anonimato, afirmou que a comissão conjunta e o seu papel “não eram secretos”. A autoridade não tratou das alegações do relatório sobre isenções.