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EUA, Reino Unido e França atacam a Síria em primeira ação coordenada contra Assad

Publicado 14.04.2018, 10:49
© Reuters. .

Por Steve Holland e Tom Perry

WASHINGTON/BEIRUTE (Reuters) - Forças norte-americanas, britânicas e francesas bombardearam a Síria com mais de 100 mísseis neste sábado nos primeiros ataques ocidentais coordenados contra o governo de Damasco, tendo como alvo o que chamaram de centros de armas químicas em retaliação a um ataque com gás venenoso.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a ação militar da Casa Branca, dizendo que os três aliados haviam "organizado seu poder justo contra a barbárie e a brutalidade".

Enquanto ele falava, explosões sacudiam Damasco.

O bombardeio representa uma grande escalada no confronto do Ocidente com a Rússia, aliada de Assad, mas é improvável que altere o curso de uma guerra multifacetada que já matou pelo menos meio milhão de pessoas nos últimos sete anos.

Isso, por sua vez, levanta a questão de para onde os países ocidentais vão a partir daqui, depois de uma série de ataques denunciados por Damasco e Moscou como imprudentes e inócuos.

De manhã, os países ocidentais disseram que seu ataque tinha acabado por ora. A Síria divulgou um vídeo dos escombros de um laboratório de pesquisa bombardeado, mas também do presidente Bashar al-Assad chegando ao trabalho como de costume, com a legenda "manhã de resiliência".

Não houve relatos imediatos de vítimas, com aliados de Damasco dizendo que os edifícios atingidos foram evacuados com antecedência.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, descreveu o ataque como "limitado e direcionado". Ela disse que autorizou a ação britânica depois que a inteligência indicou que o governo Assad era culpado de ter usado gás venenoso em Douma, subúrbio de Damasco, há uma semana.

Em um discurso, ela deu uma descrição vívida das vítimas do ataque químico que matou dezenas de pessoas, amontoando-se em porões enquanto o gás se espalhava. Ela disse que a Rússia fracassou nos esforços diplomáticos para deter o uso de gás venenoso por Assad, não deixando outra opção além da força.

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que os ataques foram limitados até agora às instalações de armas químicas da Síria. Paris divulgou um dossiê que, segundo ele, mostra Damasco culpado pelo ataque com gás venenoso em Douma, a última cidade que detém uma área controlada por rebeldes perto de Damasco que as forças do governo recapturaram na maior ofensiva deste ano.

Washington descreveu seus alvos como um centro perto de Damasco para pesquisa, desenvolvimento, produção e testes de armas químicas e biológicas, um local de armazenamento de armas químicas perto da cidade de Homs e outro local perto de Homs que armazenava equipamentos de armas químicas e abrigava um posto de comando.

O secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, classificou os ataques como "um tiro só", embora Trump tenha levantado a possibilidade de novos ataques se o governo Assad novamente usar armas químicas.

"Estamos preparados para sustentar essa resposta até que o regime sírio pare de usar agentes químicos proibidos", disse o presidente dos Estados Unidos em um discurso televisionado.

O conflito sírio coloca uma miríade complexa de partes umas contra os outras, com a Rússia e o Irã dando ajuda militar a Assad, que em grande parte se mostrou decisiva nos últimos três anos, esmagando qualquer ameaça rebelde de derrubá-lo. Forças de oposição divididas tiveram apoio variável do Ocidente, dos Estados árabes e da Turquia.

O governo e aliados de Assad reagiram com fúria ao ataque de sábado, mas também deixaram claro que consideravam um caso isolado, que provavelmente não prejudicaria Assad de maneira significativa.

A Rússia, cujas relações com o Ocidente se deterioraram a níveis de hostilidade na época da Guerra Fria, negou que o ataque com armas químicas na semana passada tenha ocorrido e até mesmo acusou o Reino Unido de prepará-lo para estimular uma histeria anti-russa.

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O presidente russo, Vladimir Putin, pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que Moscou denunciou como um ataque injustificado contra um Estado soberano. A mídia estatal síria chamou o ataque de "flagrante violação do direito internacional".

Uma autoridade da Guarda Revolucionária do Irã disse que isso causaria conseqüências contra os interesses dos EUA.

Os Estados árabes, geralmente hostis a Assad e ao Irã, apoiaram a ação do Ocidente, incluindo a Arábia Saudita e seu rival Catar.

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