Por Thomas Escritt
HAIA (Reuters) - Procuradores de crimes de guerra acusaram o ex-presidente marfinense Laurent Gbagbo de orquestrar "violência inominável", incluindo assassinato e estupro em massa por parte de simpatizantes, para manter o poder até perder uma eleição, levando o país à uma guerra civil.
Com firmeza no dia inicial de seu julgamento no Tribunal Penal Internacional, Gbagbo, de 70 anos, se declarou inocente de todas as acusações. Seu co-acusado, líder juvenil Charles Ble Goude, de 44 anos, também se declarou inocente e disse que não reconhecia nenhuma das acusações.
Quatro meses de conflito devastaram a Costa do Marfim, maior produtor de cacau do mundo, no começo de 2011, após Gbagbo se recusar a sair do poder. Cerca de 3 mil pessoas foram mortas e o conflito só teve fim quando a França, ex-potência colonial, interferiu militarmente, permitindo que o eleito Alessane Ouattara tomasse posse.
O julgamento pode aumentar tensões na Costa do Marfim, onde Gbagbo, o político com mais alto cargo a se apresentar ao Tribunal Penal Internacional, continua influente.
A procuradora Fatou Bensouda, em discurso de abertura, disse que Gbagbo e seu círculo íntimo tiveram como alvos muçulmanos e pessoas de outras etnias, que segundo eles, apoiavam Ouattara.
"A Costa do Marfim sucumbiu ao caos e foi sujeita a violência inominável", disse. "Gbagbo nunca teve intenção de deixar o gabinete."