Por Nathan Layne e Ginger Gibson
WASHINGTON (Reuters) - Michael Cohen, ex-advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou o caráter de seu antigo cliente em uma audiência tensa no Congresso nesta quarta-feira, classificando-o como um "vigarista" que soube de antemão sobre a divulgação de emails roubados com o objetivo de prejudicar sua rival democrata na eleição presidencial de 2016.
Mas Cohen, que foi um "solucionador de problemas" do presidente republicano, disse não ter provas diretas de que Trump se mancomunou com a Rússia para fortalecer sua campanha à Casa Branca, uma linha de inquérito essencial na investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a Rússia que vem assombrando Trump durante seus dois anos de governo.
"Estou envergonhado porque sei quem o senhor Trump é. Ele é um racista. Ele é um vigarista. Ele é um trapaceiro", disse Cohen a um comitê da Câmara dos Deputados.
"Donald Trump é um homem que concorreu ao governo para tornar sua marca grande, não para tornar nosso país grande", acrescentou Cohen. "Ele não tinha desejo ou intenção de liderar esta nação – só de fazer marketing de si mesmo e de aumentar sua riqueza e poder."
A Casa Branca não comentou de imediato o depoimento de Cohen, mas mais cedo nesta quarta-feira Trump acusou seu ex-empregado de mentir.
"Ele fez coisas ruins sem relação com Trump. Ele está mentindo para reduzir sua pena de prisão", tuitou Trump do Vietnã, onde se encontra com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un.
Cohen afirmou que Trump aprovou pagamentos para acobertar relacionamentos extraconjugais, uma violação das leis de financiamento de campanha, e que orientou as negociações de um projeto imobiliário em Moscou durante a corrida presidencial, apesar de ter declarado publicamente que não tinha investimentos na Rússia.
Ele não chegou a dizer que Trump ou sua campanha conspirou diretamente com a Rússia, mas que "tenho minhas suspeitas".
"Eu não usaria a palavra conluio", disse Cohen a respeito dos negócios de Trump com a Rússia, mas acrescentou que havia "algo estranho" no bom relacionamento de seu ex-cliente com o presidente russo, Vladimir Putin.
"Há muitos pontos que parecem levar para a mesma direção", disse.
Parlamentares republicanos presentes à audiência tentaram minar Cohen e seu depoimento diversas vezes, retratando-o como um mentiroso incurável que se beneficiou de crimes financeiros e dizendo que a audiência foi um primeiro movimento de uma investida democrata visando um impeachment de Trump.