CARACAS (Reuters) - O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó afirmou, neste sábado, que pediu que seu enviado aos Estados Unidos se reunisse com oficiais do Pentágono para “cooperar” em uma solução para a crise política do país da América do Sul.
Guaidó, líder da Assembleia Nacional controlada pela oposição, acrescentou que recebeu recado da China de que o país se juntaria aos esforços diplomáticos entre países europeus e latino-americanos, conhecido como Grupo de Contato da Venezuela, para negociar um fim para a crise.
Em janeiro, Guaidó invocou a constituição da nação da OPEC para assumir a presidência interina, argumentando que a reeleição do presidente Nicolás Maduro, em 2018, não era legítima. Ele foi reconhecido pela maioria dos países ocidentais e da América Latina, mas Maduro manteve o apoio dos aliados China, Rússia e Cuba.
Os esforços de Guaidó de depor Maduro para assumir o poder e convocar novas eleições estagnou nas últimas semanas, depois de uma fracassada tentativa de revolta militar em 30 de abril. Guiado disse a um jornal italiano esta semana que “provavelmente” aceitaria intervenção militar dos EUA, se o país a propusesse.
“Nós instruímos nosso embaixador Carlos Vecchio a se reunir imediatamente com o Comando do Sul e seu almirante para estabelecer uma relação direta”, disse Guaidó, em um comício em Caracas, neste sábado. “Dissemos desde o início que usaríamos todos os recursos à disposição para fazer pressão”.
Representantes do Comando do Sul dos Estados Unidos e Vecchio não responderam imediatamente a pedidos por comentários. Oficiais da administração Trump disseram várias vezes que “todas as opções estão na mesa” para derrubar Maduro, que chama Guaidó de marionete dos EUA querendo tirá-lo do poder com um golpe.
O Comando do Sul afirmou em uma publicação no Twitter na quinta-feira que estava preparado para discutir “como pode apoiar o futuro papel” de líderes das forças armadas venezuelanas que “restaurarem a ordem constituição, quando forem convidados por Guaidó.
O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu imediatamente ao pedido por um comentário. O Ministro da Defesa, Vladimir Padrino, disse no sábado que um barco da Guarda Costeira dos EUA havia entrado em águas venezuelanas, o que ele disse que “não seria aceito”.
Um porta-voz do Comando do Sul disse na sexta-feira que um barco da Guarda Costeira dos EUA conduzia uma “missão de monitoramento e detecção de drogas” em “águas internacionais” no Mar do Caribe, em 9 de maio.
Guaidó falava em um comício em apoio a legisladores da oposição que foram presos, refugiados em embaixadas estrangeiras em Caracas, e ameaçados nos últimos dias em meio a uma abrangente repressão de Maduro contra o Congresso depois da revolta de 30 de abril.
A maioria dos países latino-americanos, assim como a União Europeia, expressou oposição a uma potencial intervenção militar na Venezuela. O chefe de política externa da UE, Federica Mogherini, disse na semana passada que o grupo ode contato está preparado para começar “uma missão no nível político” em Caracas.