Por Lee Mannion
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - A empresa israelense Wasteless, que busca reduzir o desperdício de alimentos e economizar dinheiro do consumidor, ganhou 2 milhões de dólares em financiamento nesta terça-feira, em um momento em que mais companhias tentam reduzir a perda de alimentos diante de um aumento da fome global.
A empresa criada há dois anos vende software para que supermercados possam gerenciar estoques e cortar preços dos alimentos à medida que o prazo de validade deles se esgota, reduzindo desperdício e aumentando lucros.
"Inspiramos os clientes a serem melhores cidadãos do mundo e a participar da guerra contra o desperdício de alimentos, enquanto desfrutam de melhores preços", disse Ben Biron, um dos fundadores da Wasteless, em comunicado.
O desperdício de alimentos é cada vez mais visto como antiético, bem como ambientalmente destrutivo, com despejo em aterros onde apodrece, liberando gases de efeito estufa, enquanto o combustível, a água e a energia necessários para produzir, armazenar e transportar são desperdiçados.
Um número crescente de investidores está colocando seu dinheiro em empresas que respondem às pressões políticas e de consumidores para lidar com a mudança climática e o desperdício.
Globalmente, um terço de todos os alimentos produzidos - no valor de 1 trilhão de dólares - são jogados fora a cada ano, segundo pesquisadores da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, e pesquisadores temem que o desperdício anual de alimentos aumente em um terço, para 2,1 bilhões de toneladas até 2030.
Líderes mundiais se comprometeram a reduzir pela metade o desperdício de alimentos até lá sob as metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas pelas Nações Unidas em 2015.
A Wasteless disse que usará o investimento da Slingshot Ventures, uma empresa holandesa de capital de risco, para se concentrar nos varejistas de alimentos da Europa Ocidental.
Em um teste com um varejista de alimentos espanhol no início deste ano, a Wasteless disse que seu algoritmo, que permite que os consumidores escolham entre alimentos mais antigos ou mais frescos a preços diferentes, reduziu o desperdício de comida em um terço e aumentou a receita em 6 por cento.
Muitos especialistas dizem que mudar as práticas de negócios e o comportamento do consumidor, em vez de dar a comida que sobra, é fundamental para reduzir o desperdício.
"Não há mais terra ou água. Uma das coisas que tem que acontecer é que o alimento que é cultivado tem que ser comido", disse à Thomson Reuters Foundation Oliver Wyncoll, sócio da Bridges Fund Management, um investidor de impacto, que busca mudanças sociais ou ambientais junto com lucro, do Reino Unido.
"Nos próximos anos, você verá um nível crescente de investimento contra desperdício de alimentos ... A dificuldade do modelo filantrópico de caridade é que ele não é escalável, a menos que você tenha um poço sem fundo de doações."