Por Shoon Naing
YANGON (Reuters) - Mianmar está cometendo crimes contra a humanidade em sua campanha contra insurgentes muçulmanos no Estado de Rakhine, disse o grupo de direitos humanos Human Rights Watch nesta terça-feira, pedindo que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) imponha sanções e um embargo de armas ao país.
Um porta-voz do governo de Mianmar rejeitou a acusação, dizendo que não existem provas e acrescentando que o governo está comprometido em proteger os direitos humanos.
Mianmar também repudiou acusações da ONU segundo as quais suas forças estão realizando uma "limpeza étnica" de muçulmanos rohingyas em reação a ataques coordenados de insurgentes rohingyas contra as forças de segurança em 25 de agosto.
O país afirma que está combatendo terroristas responsáveis por ataques à polícia e ao Exército e que mataram civis e incendiaram vilarejos.
A campanha militar causou a fuga de quase 440 mil refugiados para Bangladesh, na maioria rohingyas. Estes acusam as forças de segurança e vigilantes budistas de tentarem expulsá-los de Mianmar, nação majoritariamente budista.
"Os militares birmaneses estão expulsando os rohingyas brutalmente do Estado de Rakhine, no norte", disse James Ross, diretor legal e de políticas do Human Rights Watch, que tem sede em Nova York.
"Os massacres de moradores de vilarejos e os incêndios criminosos em massa que expulsam as pessoas de suas casas são todos crimes contra a humanidade".
O Tribunal Penal Internacional define como crimes contra a humanidade atos como assassinato, tortura, estupro e deportação "quando cometidos como parte de um ataque generalizado ou sistemático dirigido a qualquer população civil, com conhecimento do ataque".
A Human Rights Watch disse que sua pesquisa, apoiada por imagens de satélite, detectou crimes de deportação e transferências forçadas de população, assassinatos e tentativas de assassinato, estupro e perseguição.
O Conselho de Segurança da ONU e países envolvidos deveriam impor sanções específicas e um embargo de armas, afirmou a entidade.
O porta-voz governamental Zaw Htay afirmou que nenhum governo de Mianmar se comprometeu mais com a promoção dos direitos humanos quanto o atual.
"Acusações sem qualquer prova contundente são perigosas", disse ele à Reuters. "Isso torna difícil para o governo lidar com as coisas".