Por Jacob García
PANTELHÓ, México (Reuters) - Centenas de indígenas que se identificam com um novo grupo de autodefesa emergiram entre as montanhas do sul do México, saquearam e incendiaram estabelecimentos comerciais e escritórios do governo em uma comunidade empobrecida para protestar contra a crescente violência que assola a região.
A ação, na remota cidade indígena tzotzil de Pantelhó, no Estado de Chiapas, ocorre menos de duas semanas depois que um grupo de encapuzados, que se autodenomina "El Machete", pegou em armas na vizinha Chenalhó para enfrentar o crime organizado.
"Não há segurança aqui, não há paz, não há tranquilidade, só há medo, choro e temor, extorsão e intimidação", disse um homem com o rosto coberto ao ler um discurso perante uma multidão na tarde de terça-feira na praça principal de Pantelhó, que também foi vandalizada.
Imagens da Reuters mostraram os destroços carbonizados de diferentes propriedades da comunidade que, na quarta-feira, permanecia sob o controle de moradores furiosas. As autoridades locais não foram encontradas para comentar o assunto.
O Centro de Direitos Humanos Fray Bartolomé de las Casas disse na semana passada que mais de 3.000 pessoas tiveram que deixar a área nos últimos meses devido ao assédio causado pela incursão de grupos criminosos que buscam tomar o território.
Há mais de uma década o México vive uma onda de crimes e desaparecimentos ligados às disputas entre cartéis de drogas que buscam estender seu domínio para controlar o plantio e o tráfico de entorpecentes e outros crimes como contrabando e roubo de combustíveis.
Cansados da violência e da falta de ação das autoridades, em outras regiões do país, como Michoacán e Guerrero, grupos civis pegaram em armas há mais de uma década para tentar se proteger.
O presidente Andrés Manuel López Obrador disse que é contra a existência dos chamados grupos de autodefesa, garantindo que por trás deles pode haver interesses políticos ou controle territorial.