(Reuters) - O Irã permaneceu dentro dos principais limites de suas atividades nucleares impostas por um acordo de 2015 com grandes potências, apesar da crescente pressão das sanções recém-reimpostas pelos Estados Unidos, informou na sexta-feira um relatório da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que está fiscalizando essas restrições nucleares, disse, em um relatório trimestral confidencial ao qual a Reuters teve acesso, que o Irã permaneceu dentro dos níveis máximos de expansão de urânio, bem como no limite de seu estoque de urânio enriquecido.
A AIEA também repetiu sua declaração usual de que realizava as chamadas "inspeções de acesso complementares" - que, muitas vezes, são de curto prazo - em todos os locais que precisava visitar no Irã.
O presidente dos EUA, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã em maio de 2018, reimpondo nos meses subsequentes as sanções dos EUA à economia iraniana e à indústria do petróleo, que foram suspensas sob o acordo de 2015.
As potências europeias que assinaram o acordo - França, Reino Unido e Alemanha - tentaram acalmar a reação do Irã contra essas sanções. Elas estão criando um novo canal para fazer comércio fora do dólar com o Irã, mas diplomatas dizem que ele não será capaz de lidar com as grandes transações que o Irã diz que precisa para manter seus negócios funcionando.
A criação desse canal, no entanto, irritou Washington por minar seus esforços para sufocar a economia iraniana em resposta ao programa de mísseis balísticos de Teerã e sua influência nas guerras na Síria e no Iêmen.
Na semana passada, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, convocou as potências europeias a seguir Washington na retirada do acordo.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse nesta semana que os Estados Unidos têm uma "obsessão doentia" e "patológica" com o Irã e acusou Pence de tentar intimidar seus aliados.
(Reportagem de Francois Murphy)