Por Robin Pomeroy
VENEZA, Itália (Reuters) - "Somos bons no que fazemos", diz Joaquin Phoenix ao seu comparsa de crime, John C. Reilly, depois de os dois matarem tantos cowboys que perderam a conta na comédia "The Sisters Brothers", que estreou no Festival de Cinema de Veneza neste domingo.
A razão pela qual eles são tão bons, além de serem habilidosos com uma pistola, é a completa falta de consciência deles em tirar a vida de um homem, algo que Charlie Sisters (Joaquin Phoenix) atribui aos genes que os irmãos herdaram do pai abusivo.
No primeiro filme em língua inglesa de Jacques Audiard, o diretor francês de "Dheepan: o Refúgio", "Ferrugem e Osso" e "Um Profeta", os irmãos têm um contrato para matar um garimpeiro e são vigiados por John (Jake Gyllenhaal), um caçador de recompensas mais cerebral que não tem o que é preciso para terminar o trabalho sozinho.
Para Reilly, um ator familiar que raramente consegue grandes papéis como protagonista, contracenar com Phoenix, o seu oposto, foi um pouco assustador.
"O desafio foi trabalhar com alguém tão incrível quanto Joaquin Phoenix, alguém que eu considero o maior ator em atividade, acho que ele é inigualável", disse Reilly, que também é produtor do filme, aos jornalistas.
Em um ponto-chave do filme, seu personagem, Eli, diz a Charlie que gostaria de abrir uma loja quando a carreira de assassino de aluguel terminar, algo do qual o personagem de Phoenix tira sarro, mas logo ele também está se perguntando se poderia haver mais na vida e é forçado a questionar sua versão de masculinidade.
"Na década de 1850 nos Estados Unidos, estávamos em um ponto de crise semelhante ao que estamos agora", disse Reilly.
"Nós fundamos o Ocidente assassinando todos os índios e destruindo todos os búfalos, e em grande parte uma sociedade sem lei foi estabelecida", disse ele em entrevista coletiva.
"O mais forte prevaleceu sobre o fraco. Mas esse não é um plano sustentável para o futuro. Esse é um plano autodestrutivo, então acho que é uma das coisas para as quais o filme está olhando... o que faz dele muito relevante. Provoca a questão: 'para onde nós vamos a partir daqui?'"
Para além de toda a brutalidade, Audiard disse que o filme "não é sobre nada além de amor".
"'The Sisters Brothers' é uma história sobre ir para casa e voltar para a casa da mãe sem a influência disruptiva que o pai tinha sido. Então, é um filme cheio de otimismo."
O filme é um dos 21 que competem pelo Leão de Ouro que será concedido ao final do Festival de Cinema de Veneza em 8 de setembro.
(Reportagem de Robin Pomeroy) OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20180902T190959+0000