Por Dan Williams e Laila Bassam
JERUSALÉM/BEIRUTE (Reuters) - Israel e o Hezbollah deram sinais nesta quinta-feira de que seu raro confronto na fronteira entre o Estado judeu e o Líbano terminou depois que os guerrilheiros libaneses mataram dois soldados israelenses em retaliação a um ataque aéreo mortífero na Síria na semana passada.
Israel disse ter recebido uma mensagem da Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (Unifil, na sigla em inglês) dizendo que o grupo islâmico Hezbollah não está interessado em uma escalada no conflito.
Em Beirute, uma fonte libanesa a par da situação disse à Reuters que Israel informou ao Hezbollah através da Unifil que "irá lidar com o que aconteceu ontem e que não quer que a batalha se expanda".
Indagado na Rádio do Exército israelense se o Hezbollah procurou frear o combate, o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, afirmou: "Há linhas de coordenação entre nós e o Líbano via Unifil e tal mensagem de fato foi recebida do Líbano".
Uma saraivada de mísseis teleguiados do Hezbollah matou um major de infantaria e um recruta israelenses quando eles circulavam em veículos civis sem identificação ao longo da divisa libanesa na quarta-feira.
Em seguida, Israel lançou uma ofensiva áerea e de artilharia, e um soldado espanhol da tropa pacificadora da Organização das Nações Unidas (ONU) foi morto. O embaixador da Espanha na ONU culpou os disparos israelenses por sua morte.
Foi o embate mais violento na fronteira desde 2006, quando Hezbollah e Israel lutaram durante 34 dias. A divisa estava tranquila nesta quinta-feira, embora a mídia libanesa tenha relatado sobrevoos de drones (aeronaves não tripuladas) da Força Aérea israelense.
Os dois lados parecem compartilhar o interesse em evitar um aprofundamento da violência. O Hezbollah está ocupado ajudando Damasco na guerra civil síria, e o nível de destruição no Líbano durante o conflito de 2006, que terminou em um impasse, também pode estar sendo levado em conta.
Já Israel se prepara para uma eleição geral em 17 de março e calcula os custos de sua ofensiva na Faixa de Gaza no ano passado contra combatentes palestinos, cujo arsenal de foguetes é irrisório perto do arsenal do Hezbollah.
O ministro Yaalon descreveu o ataque do Hezbollah na quarta-feira como uma "vingança" pelo ataque aéreo israelense à Síria, que matou um general da Guarda Revolucionária do Irã, um comandante do Hezbollah e o filho de um falecido líder do grupo.
Israel não reconheceu formalmente ter realizado a operação, mas Yaalon disse que a ação prejudicou os esforços do Hezbollah e do Irã, seu apoiador, de "abrir uma nova frente" contra o Estado judeu a partir das Colinas de Golã, na Síria.
Autoridades da Unifil não confirmaram nem negaram de imediato ter encaminhado mensagens entre Israel e o Hezbollah. A missão diz não ter contatos com o grupo militante, mas estar em contato com o governo libanês, do qual o Hezbollah faz parte.