Jornal francês Le Monde fica sem correspondente em Moscou pela primeira vez desde 1957

Publicado 06.02.2025, 11:40
Atualizado 06.02.2025, 11:45
Jornal francês Le Monde fica sem correspondente em Moscou pela primeira vez desde 1957

Por Guy Faulconbridge

MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse nesta quinta-feira que rejeitou renovar o credenciamento do correspondente do Le Monde devido à recusa da França em emitir um visto para um repórter russo, deixando o renomado jornal francês ausente de Moscou pela primeira vez desde a década de 1950.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que, depois que a França se recusou a conceder um visto a um jornalista do jornal Komsomolskaya Pravda, Moscou rejeitou estender o credenciamento de jornalista de Benjamin Quénelle, do Le Monde.

Zakharova disse que Quénelle, que cobre a Rússia há duas décadas, não foi vítima de nenhum problema pessoal, mas que a Rússia foi forçada a retaliar a França.

O Le Monde, um dos jornais mais influentes da França, criticou o que disse ser a "expulsão encoberta de nosso jornalista".

"Pela primeira vez desde 1957, o Le Monde está impedido de ter um correspondente baseado em Moscou", escreveu Jérôme Fenoglio, seu diretor, em um artigo no jornal.

O Ministério das Relações Exteriores da França conclamou a Rússia a reverter sua decisão e disse que, se não o fizesse, haveria uma resposta.

O Le Monde disse que as reportagens confiáveis a partir da Rússia são mais importantes do que nunca e a França acredita que os jornalistas russos que tiveram seus vistos recusados por Paris estavam, na verdade, trabalhando para a inteligência russa.

Diplomatas e jornalistas afirmam que a Rússia é agora um ambiente mais difícil para trabalhar do que em qualquer outro momento desde pelo menos a era de Nikita Khrushchev, que sucedeu Josef Stalin em 1953 e governou a União Soviética até 1964.

Desde a invasão da Ucrânia em 2022, a Rússia aumentou o controle sobre as informações e a mídia, forçando o fechamento dos últimos veículos de notícias independentes importantes e designando muitos jornalistas e ativistas como "agentes estrangeiros".

Publicar o que é considerado "notícias falsas" sobre os militares russos pode levar a longas sentenças de prisão de acordo com as leis de censura em tempos de guerra, e alguns ocidentais foram condenados por espionagem.

© Reuters. Esccritórios do jornal Le Monde em Paris
 29/11/2010   REUTERS/Charles Platiau

Muitas organizações de notícias ocidentais deixaram Moscou desde 2022 e a prisão do correspondente do Wall Street Journal Evan Gershkovich, em 2023, fez com que muitos outros jornalistas deixassem o país. Atualmente, quase não há mais repórteres norte-americanos na Rússia. Gershkovich foi libertado em uma troca de prisioneiros no ano passado.

Autoridades russas afirmam que os grupos de mídia ocidentais fazem uma cobertura indulgente da Ucrânia, reportagens tendenciosas sobre a guerra e uma cobertura excessivamente negativa da Rússia. Os veículos de notícias ocidentais dizem que buscam fazer uma cobertura equilibrada.

(Reportagem de Guy Faulconbridge em Moscou e Sudip Kar-Gupta em Paris)

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