Por Andrea Shalal
SAVANNAH, Geórgia (Reuters) - A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, defendeu nesta quinta-feira mudanças na política em direção ao centro e afirmou que pode até nomear um republicano para o seu gabinete caso seja eleita, na primeira entrevista a um grande conglomerado de comunicação desde que foi escolhida pelo Partido Democrata para concorrer ao cargo. "Eu acho que o aspecto mais importante e mais significativo da minha perspectiva e das decisões políticas é o de que meus valores não mudaram", disse ela à âncora Dana Bash, da CNN, em um trecho da entrevista que será transmitida na noite desta quinta-feira.
Kamala já fez esse movimento ao centro em alguns temas desde quando tentou se candidatar à Presidência, em 2020, até assumir a cabeça da chapa democrata do atual presidente, Joe Biden, para a eleição de 5 de novembro. Ela ficou mais dura em temas como a imigração na fronteira dos EUA com o México. A vice também não apoia mais a proibição do fracking, uma forma de produção de energia que emprega muitas pessoas na Pensilvânia e em outros Estados-chave que podem decidir a eleição. "Meus valores sobre o que temos de fazer para garantir a segurança na nossa fronteira, esse valor não mudou. Passei dois mandatos como procuradora-geral da Califórnia, perseguindo organizações criminosas transnacionais, violações dos direitos dos norte-americanos quanto à passagem ilegal de armas, drogas e seres humanos por nossa fronteira. Meus valores não mudaram", afirmou. Kamala e seu vice, o governador de Minnesota, Tim Walz, também discutiram a possibilidade de trazer um republicano para o seu gabinete, sob o argumento de trazer diversidade de opiniões ao eventual governo. “Eu acho que é importante ter na mesa pessoas de diferentes visões, diferentes experiências, quando algumas das decisões mais importantes estão sendo tomadas. Eu também creio que seria benéfico para o público norte-americano ter um membro do meu gabinete que seja um republicano”, declarou. A vice-presidente dos EUA vinha evitando entrevistas formais e coletivas de imprensa durante sua rápida ascensão à cabeça da chapa democrata. Ela foi criticada por seus adversários pela falta de entrevistas, e até alguns de seus apoiadores se mostraram preocupados de que ela poderia ser menos afiada na linguagem em ambientes espontâneos, se comparada a seu desempenho em comícios e discursos em que tem suas palavras preparadas e um teleprompter à sua disposição. Trump frequentemente participa de coletivas de imprensa e dá entrevistas a meios de comunicação conservadores. Ele usa essas oportunidades para criticar Kamala e Biden, em vez de discutir as suas propostas de governo em detalhes.
Nesta quinta-feira, Kamala fez campanha em Savannah, na Geórgia, e disse a uma multidão de 7.500 pessoas que "temos muito trabalho pela frente" para derrotar seu rival republicano Trump, mas estava confiante de que a Geórgia votaria novamente nos democratas após uma vitória estreita no estado para Biden em 2020.
Durante o discurso, Kamala reiterou o apoio a um acordo para obter um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza, quando os seus comentários foram interrompidos por manifestantes pró-Palestina.
Kamala disse que ela e Biden trabalham "24 horas por dia” para conseguir esse acordo".
"Todos têm direito e devem ter a sua voz ouvida", disse Harris. "Estou falando agora, mas sobre o assunto direi o seguinte: o presidente e eu estamos trabalhando 24 horas por dia."
(Reportagem de Andrea Shalal; reportagem adicional de David Ljunggren)