BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer viajou para São Paulo na tarde desta quinta-feira para um retorno dos procedimentos cardiológicos e urológicos realizados no ano passado, segundo o Palácio do Planalto, e deverá retornar a Brasília somente na sexta, após se encontrar com seu advogado, disseram fontes palacianas.
"O presidente está bem e já foi liberado", afirmou nota da Secretaria de Comunicação da Presidência.
Segundo fontes do Planalto, que pediram para não ser identificadas, o presidente seria examinado pelo cardiologista Roberto Kalil Filho e o urologista Miguel Srougi no hospital Sírio-Libanês. Temer aproveitaria a viagem à capital paulista também para se reunir com o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira.
Inicialmente o presidente iria se consultar com Srougi na clínica do urologista, localizada próxima ao Sírio-Libanês, mas houve uma mudança de planos e o presidente decidiu ir ao hospital para também se consultar com Kalil.
Nos últimos meses, Temer passou por procedimentos de redução da próstata e de desobstrução urinária no Sírio-Libanês, assim como a uma cirurgia para desobstrução arterial no mesmo hospital. Devido aos procedimentos urológicos, o presidente chegou a colocar uma sonda e foi diagnosticado com uma infecção urinária no final do ano passado.
Temer, de 77 anos, tem buscado afastar rumores envolvendo sua saúde e, na semana passada, fez uma caminhada nos arredores do Palácio do Jaburu, anunciada na véspera à imprensa, e disse aos jornalistas presentes que estava "recuperadíssimo".
No encontro com Mariz, disseram as fontes, Temer discutirá as respostas que dará às perguntas feitas a ele por escrito pela Polícia Federal no âmbito de um inquérito que o presidente responde no Supremo Tribunal Federal e que trata de suspeita de corrupção na edição de um decreto que mudou regras do setor portuário, que teria beneficiado a empresa Rodrimar.
As perguntas a Temer, que por ser presidente tem a prerrogativa de recebê-las e respondê-las por escrito sem a obrigatoriedade de um depoimento presencial, representam uma das últimas diligências da investigação.
Após a conclusão do inquérito, a PF deverá encaminhá-lo juntamente com suas conclusões à Procuradoria-Geral da República (PGR) e caberá à chefe do órgão, Raquel Dodge, decidir se apresenta denúncia criminal contra o presidente.
Temer, que foi alvo de duas denúncias criminais elaboradas pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot que tiveram seu andamento negado pela Câmara dos Deputados, nega quaisquer irregularidades no decreto sobre portos.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)