(Corrige no nono parágrafo acionistas da usina para Chesf e Eletrosul, não Furnas)
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, tem promovido desde meados de janeiro uma "operação de guerra" para retirar um enorme volume de troncos de árvores que se juntaram no rio Madeira, acima do reservatório da usina, após o rompimento de uma estrutura implementada para proteger a área desses resíduos.
O rio em que Jirau foi construída é chamado de Madeira justamente devido à força das águas, que derruba árvores nas margens e arrasta os troncos, o que exigiu que o projeto contemplasse uma estrutura com boias para interceptar os galhos e fazer com que estes passem pela usina sem ter contato com as máquinas.
A estrutura de contenção chamada "log boom" já passou por reparos, mas o grupo Energia Sustentável do Brasil (ESBR), responsável pela hidrelétrica, poderá levar até cinco meses para retirar todos os troncos do lago da usina, disse à Reuters o presidente da empresa, Victor Paranhos.
O rompimento da estrutura de proteção foi registrado em 14 de janeiro, e os troncos chegaram a ocupar uma área de aproximadamente seis hectares.
Atualmente não há mais troncos chegando à área próxima da casa de força da usina, segundo Paranhos, mas o material concentrado no lago precisa ser retirado para não gerar riscos à operação do empreendimento.
"Você tem que fazer isso tudo com balsas. São três balsas, é uma operação complexa, muito manual... e retirar os troncos de lá tem que ser aos poucos. É um trabalho bem demorado e não é barato, a retirada vai levar uns quatro a cinco meses", afirmou o executivo.
Ele não quis comentar valores desembolsados no reparo e na operação de retirada dos troncos, mas ressaltou que a operação da hidrelétrica não foi afetada.
"Não perdi nenhum megawatt (em geração)", garantiu.
Com cerca de 3,75 gigawatts em capacidade instalada, Jirau recebeu investimentos de cerca de 19,4 bilhões de reais. A usina tem como principais acionistas a Chesf e a Eletrosul, da Eletrobras (SA:ELET3), a francesa Engie e a japonesa Mitsui.
De acordo com Paranhos, a exigência de que a usina fosse operada em uma cota do rio Madeira mais baixa que o previsto no projeto original possibilitou que, em um momento de maior vazão, as águas corressem em velocidades bem maiores do que os estudos sobre Jirau indicavam.
Além disso, a operação em cota menor também fez com que os troncos ficassem travados no log boom, ao invés de passarem para continuar o trajeto pelo rio.
A estrutura de proteção havia sido desenhada para suportar águas a uma velocidade de até 2,2 metros cúbicos por segundo (m³/s), segundo Paranhos.
"A água chegou a estar a entre 4 e 5 m³/s por segundo, o log boom não resistiu", disse o presidente da ESBR.
Ele também comentou que, após o incidente, a hidrelétrica de Jirau subiu a cota do reservatório, voltando temporariamente a operar conforme a previsão original para o empreendimento.