(Reuters) - Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia e aliado do presidente russo, Vladimir Putin, disse em comentários publicados nesta segunda-feira que o fornecimento contínuo de armas do Ocidente à Ucrânia arrisca uma catástrofe nuclear global, reiterando sua ameaça de guerra nuclear contra Kiev.
A retórica apocalíptica de Medvedev tem sido vista como uma tentativa de impedir que a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos, e os aliados ocidentais de Kiev se envolvam ainda mais na guerra de um ano que tem causado reveses em Moscou no campo de batalha.
Os comentários mais recentes de Medvedev, que atua como vice-presidente do poderoso conselho de segurança de Putin, ocorrem após alerta nuclear de Putin na semana passada e seus comentários de domingo classificando o confronto de Moscou com o Ocidente como uma batalha existencial pela sobrevivência da Rússia e do povo russo.
"Claro, o envio de armas pode continuar... e impedir qualquer possibilidade de retomar as negociações", disse Medvedev em comentários publicados no jornal Izvestia.
"Nossos inimigos estão fazendo exatamente isso, não querendo entender que seus objetivos certamente levarão a um fiasco total. Perda para todos. Um colapso. Apocalipse. Onde você esquece por séculos sua vida anterior, até que os escombros deixem de emitir radiação."
Falando à margem de uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, rejeitou os comentários de Medvedev como "retórica inflamatória".
"Infelizmente, o sr. Medvedev há muito nos acostumou com declarações irresponsáveis e ultrajantes que de forma alguma refletem a realidade", disse ela.
(Por David Ljunggren, reportagem adicional de Gabrielle Tétrault-Farber em Genebra)