Por Catherine MacDonald
MADRI (Reuters) - Milhares de manifestantes se reuniram do lado de fora da Catedral Católica de Almudena no centro de Madri nesta quinta-feira para protestar contra os planos de enterrar os restos mortais do ex-ditador Francisco Franco no local.
Familiares de dezenas de milhares de seus oponentes que foram mortos ou aprisionados durante seus quase quarenta anos de governo são contra seu enterro em um local tão emblemático.
Parlamentares espanhóis votaram em setembro para remover os restos de Franco de um mausoléu onde estão também dezenas de milhares de vítimas da guerra civil espanhola, que durou entre 1936 e 1939 e que o levou ao poder.
Ainda não se sabe para onde seus restos mortais serão transferidos. Mas a família Franco possui uma cripta na catedral e a filha de Franco foi enterrada ali.
Pessoas gritavam as palavras de ordem "Criminoso, fora da catedral" e carregavam placas com os dizeres "Madri: Sem Franco" e "Justiça!"
"Eu o jogaria numa vala", disse o manifestante Gorgonio Ferrero, de 74 anos, do lado de fora da catedral. "Mas não o enterraria aqui".
Os planos para transferir os restos mortais de Franco dividiram a sociedade espanhola. Muitos de seus descendentes já expressaram oposição à sua exumação.
A Fundação Franscisco Franco, uma organização sem fins lucrativos que promove a memória do ex-ditador, disse que seus restos mortais deveriam receber um enterro cristão na catedral de Madri.
O governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez espera que a exumação ajude a solucionar as discordâncias do período de seu governo que ainda assombram o país. Cerca de 500 mil combatentes e civis morreram na guerra civil espanhola.