Por Daniel Ramos e Gram Slattery
LA PAZ (Reuters) - Evo Morales partiu na noite de segunda-feira a bordo de um avião militar rumo ao México para se asilar, ao final de um dia em que as Forças Armadas saíram às ruas de cidades da Bolívia para fazer frente ao que qualificaram como "grupos de vândalos", em meio à situação política convulsionada do país.
A partida de Morales foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard. "Sua vida e integridade estão a salvo", afirmou o chanceler em sua conta de Twitter, na qual publicou uma foto de Morales com a bandeira do México nas mãos.
Na tentativa de restabelecer a ordem antes de uma sessão da Assembleia Legislativa convocada para esta terça-feira, os militares se uniram à polícia no momento em que as cidades bolivianas atravessam momentos de grande tensão com mobilizações de grupos a favor e contra o ex-presidente, além de incêndios e saques.
"O comando militar determinou que as Forças Armadas executem operações conjuntas com a Polícia Boliviana para evitar sangue e luto à família boliviana... contra os atos de grupos de vândalos que causam terror na população", disse o comandante das Forças Armadas, Williams Kaliman.
A ação militar também respaldaria a realização de uma sessão especial dos parlamentares em La Paz para tratar da renúncia de Morales, ocorrida no domingo, após a divulgação de um informe da Organização dos Estados Americanos (OEA) que mostrou irregularidades nas eleições do mês passado.
A reunião da Assembleia foi convocada pela opositora Jeanine Áñez, segunda vice-presidenta do Senado, na condição de presidente em exercício da Assembleia Legislativa da Bolívia. Junto com Morales renunciaram seu vice e as outras principais autoridades parlamentares, criando um vazio de poder.
As redes sociais mostraram imagens de veículos militares leves circulando por uma rua de noite. Mais cedo, milhares de partidários de Morales se mobilizaram no centro de La Paz enquanto grupos rivais montavam barricadas, aumentando os temores de um recrudescimento da violência.
Morales, que se declarou vítima de um golpe de Estado perpetrado por militares e seus opositores de direita, havia dito em sua conta de Twitter que sairia da Bolívia rumo ao México em um avião oficial daquele país, que lhe ofereceu asilo político por temer por sua integridade física.
Uma autoridade dos Estados Unidos disse que o governo de Donald Trump não tem objeções à oferta do México de dar asilo a Morales, já que sua ausência poderia ajudar a estabilizar a Bolívia.