Por Josh Horwitz
XANGAI (Reuters) - A liga norte-americana de basquete NBA se tornou alvo de críticas nesta segunda-feira devido à sua reação a um tuíte de um dirigente do Houston Rockets em apoio aos protestos por democracia em Hong Kong.
O gerente-geral dos Rockets, Daryl Morey, pediu desculpas nesta segunda-feira pelo tuíte, que apagou rapidamente no final de semana, mas seu apoio aos protestos na cidade sob controle chinês revoltou Pequim, torcedores chineses e parceiros do time em um mercado crucial para a NBA.
"Não era minha intenção que meu tuíte causasse qualquer ofensa aos torcedores do Rockets e aos meus amigos na China", tuitou Morey nesta segunda-feira.
"Estava meramente expressando um pensamento, baseado em uma interpretação, de um evento complicado", disse, acrescentando que desde então ouviu e levou em conta outras perspectivas.
Os Rockets são muito populares na China, em especial porque contrararam em 2002 o jogador chinês Yao Ming, que se tornou um astro e ajudou a criar seguidores da NBA no país.
O tuíte inicial de Morey incluía uma imagem com a legenda "Lute Pela Liberdade. Fique ao Lado de Hong Kong".
A mensagem levou a marca de roupas esportivas Li-Ning e o patrocinador Centro de Cartões de Crédito do Banco de Desenvolvimento Xangai Pudong (SPD Bank) a suspenderem seu trabalho com os Rockets, e os jogos do time foram tirados da grade da emissora estatal chinesa.
A postagem foi apagada mais tarde, e Morey, de 47 anos, executivo do ano da NBA em 2018, disse que suas opiniões não representam o time ou a liga.
Em um comunicado separado, a NBA disse que "admitimos que as opiniões expressadas pelo gerente-geral do Rockets, Daryl Morey, ofenderam profundamente muitos de nossos amigos e torcedores na China, o que é lamentável".
A versão em chinês emitida pela NBA pareceu ir mais além do comunicado em inglês, dizendo: "Estamos extremamente decepcionados com os comentários inadequados feitos pelo gerente-geral do Rockets, Daryl Morey".
A NBA acrescentou que "temos grande respeito pela história e pela cultura da China e esperamos que o esporte e a NBA possam ser usados como uma força unificadora para transpor abismos culturais e unir as pessoas".
O furor é o exemplo mais recente de uma marca estrangeira afetada pela polêmica relativa aos protestos. Muitas marcas ocidentais, como a espanhola Zara, estão sendo forçadas a esclarecer suas posições em relação à soberania chinesa agora que os protestos de Hong Kong estão atiçando um fervor nacionalista.
(Por Josh Horwitz, em Xangai, e Chris Gallagher, em Tóquio; Reportagem adicional de Lincoln Feast, em Sydney, e Kevin Krolicki, em Cingapura)