Por Devjyot Ghoshal
NOVA DÉLHI (Reuters) - A China enviou grande número de tropas e armas para uma região de fronteira disputada no Himalaia, em uma violação de acordos bilaterais, disse o Ministério das Relações Exteriores da Índia nesta quinta-feira, acusando o governo chinês de acirrar as tensões e desencadear um confronto letal na semana passada.
"O cerne da questão é que, desde o início de maio, o lado chinês vem reunindo um grande contingente de tropas e armamentos ao longo da LAC", disse o porta-voz da chancelaria indiana, Anurag Srivastava, em uma coletiva de imprensa em Nova Délhi, fazendo referência à Linha de Controle Efetivo, a fronteira de fato.
"Isto não está de acordo com as cláusulas de nossos vários acordos bilaterais", disse ele, incluindo um tratado de 1993 que dita que os dois lados manterão mobilizações limitadas na divisa.
A China culpou a Índia pelo atrito, o mais mortífero entre os vizinhos detentores de armas nucleares em ao menos cinco décadas, e disse que tropas indianas atacaram soldados e autoridades chineses.
Reagindo à intensificação da presença chinesa no mês passado, a Índia também enviou um número grande de tropas para a LAC, disse Srivastava, o que criou hostilidades na região de Ladakh, no oeste dos Himalaias.
No dia 15 de junho, soldados indianos e chinesas brigaram durante horas no Vale (SA:VALE3) de Galwan, agredindo-se com pedras e bastões de madeira cravejados de pregos. Vinte soldados indianos morreram e ao menos 76 ficaram feridos. A China não revelou quantas baixas suas forças sofreram.
Depois que comandantes militares de alta patente conversaram nesta semana, as duas partes concordaram em retirar suas tropas da fronteira em disputa.
Mas imagens de satélite vistas pela Reuters levam a crer que a China acrescentou novas estruturas perto do local do conflito no Vale de Galwan que a Índia diz estar do seu lado da LAC. Entre estas se encontram barracas camufladas ou estruturas cobertas e um possível acampamento novo com muros e barricadas em construção.