Por Hugh Bronstein e Luc Cohen
BUENOS AIRES (Reuters) - Familiares dos 44 tripulantes de um submarino argentino desaparecido perderam as esperanças e foram para casa na sexta-feira, depois de dias esperando na base naval de Mar del Plata, entristecidos e revoltados com os indícios de que a embarcação pode ter explodido.
O submarino desapareceu nove dias atrás com um suprimento de oxigênio de uma semana a bordo.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse que a busca continuará e que acredita que o submarino será localizado nos próximos dias. Ele pediu que uma investigação "séria e profunda" sobre o incidente seja realizada assim que a operação de busca for encerrada.
"Isto significa entender como um submarino que recebeu manutenção de meia idade e estava em condição perfeita para navegar aparentemente sofreu esta explosão", disse ele em uma coletiva de imprensa.
Na noite de sexta-feira o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, disse que uma melhoria no clima permitirá que barcos de detecção submarina realizem uma busca. Eles sondarão uma área ao redor do local onde um som que se acredita ter sido uma explosão foi detectado na manhã de 15 de novembro, o dia em que a embarcação enviou seu último sinal.
"O clima, graças a Deus, é favorável naquela área de busca para escanear e mapear o leito do mar", disse Balbi também em uma coletiva de imprensa.
Tanto Macri quanto Balbi se recusou a comentar diretamente o temor generalizado de que a tripulação tenha morrido.
O submarino San Juan foi inaugurado em 1983 e passou por uma manutenção em 2008 na Argentina.
A preocupação com o destino da tripulação desencadeou um debate político feroz em uma sociedade intensamente dividida entre os apoiadores de Macri e suas políticas de livre mercado e seus opositores peronistas.
Parentes dos tripulantes expressaram revolta com o nível de financiamento e manutenção das Forças Armadas, cujo orçamento vem declinando gradualmente desde o final da ditadura militar nos anos 1980.
Esta tendência continuou durante a primeira metade do governo da ex-presidente populista Cristina Kirchner e mais tarde teve uma ligeira recuperação – mas o financiamento militar permaneceu essencialmente inalterado desde que Macri tomou posse em dezembro de 2015.
A informação sobre uma possível explosão foi divulgada na quinta-feira pela Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, um organismo internacional que administra uma rede global de postos de escuta concebidos para verificar detonações atômicas secretas. Estes postos detectaram o som "violento e não-nuclear".