Por Jake Spring e Simon Jessop e Kate Abnett
GLASGOW (Reuters) - Negociadores se esforçavam nesta sexta-feira para alcançar um acordo que estabeleça regras para os mercados globais de compensação de carbono conforme a cúpula do clima da ONU na Escócia entrava em suas horas finais.
As regras do Artigo 6 do Acordo de Paris de 2015 permitiriam aos países cumprir suas metas climáticas em parte através da compra de créditos de compensação que representam cortes de emissões por outros.
Mas os negociadores estão travados em como garantir que vários países não contem o mesmo crédito para suas metas; como honrar os créditos gerados em um antigo sistema da ONU; e se é o caso de tributar o comércio para financiar a adaptação às mudanças climáticas nos países pobres.
O último esboço sobre um acordo do Artigo 6, publicado na manhã de sexta-feira, mostrou poucas mudanças nessas três questões. Em muitos casos, o texto oferecia opções múltiplas, às vezes conflitantes, para resolvê-las.
"O texto tende a ficar mais confuso antes de ficar organizado, então não é surpresa que você não veja muito movimento", disse Kelley Kizzier, vice-presidente do Fundo de Defesa Ambiental, que presidiu as negociações do Artigo 6 em cúpulas anteriores da ONU.
"As questões permanecem lá e as negociações continuam."
Brasil e Estados Unidos apoiaram uma proposta de compromisso japonesa sobre dupla contagem de créditos de compensação.
Nessa proposta, o país que gerar o crédito decidirá se autoriza a venda a outras nações para contabilizar suas metas climáticas.
Se autorizado e vendido, o país vendedor adicionaria uma unidade de emissão à sua contagem nacional e o país comprador deduziria uma, para garantir que o corte de emissão fosse contado apenas uma vez.
Os créditos não autorizados dessa forma ainda poderiam ser usados em mercados privados, inclusive por empresas que buscam cumprir metas verdes voluntárias, mas nenhum procedimento equivalente seria usado para garantir que não sejam contabilizados duas vezes.
Grupos de defesa do meio ambiente como o Greenpeace e o World Resources Institute disseram que a proposta é insuficiente porque poderia permitir que os créditos fossem contabilizados duas vezes nos mercados privados.
A China e outros países se opõem à proposta do Japão, segundo duas autoridades, que não foram autorizados a falar à mídia.