GENEBRA (Reuters) - A principal autoridade de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta quarta-feira que está "chocado" com o enforcamento de 42 homens no Iraque no domingo, afirmando que a sentença foi aplicada quase certamente sem um julgamento justo e dizendo que teme mais execuções.
Os prisioneiros executados foram condenados por acusações de terrorismo que vão do assassinato de membros das forças de segurança à detonação de carros-bomba.
"Estou chocado de saber das execuções de 42 prisioneiros em um único dia", disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, em um comunicado.
"Estamos extremamente preocupados com relatos de que o Iraque pode estar planejando acelerar o processo de executar prisioneiros já condenados à morte, e que isso possa resultar em mais execuções em larga escala nas próximas semanas".
Zeid disse ser "extremamente duvidoso" que o devido processo legal e garantias de julgamento justo, inclusive os direitos dos homens a uma assistência legal eficiente e a um processo de apelações para pedir perdão ou comutação das penas, tenham sido respeitados em cada um dos 42 casos individuais.
Os enforcamentos ocorreram na esteira de ataques suicidas de sunitas que mataram ao menos 60 pessoas perto de Nassiriya, cidade do sul e reduto xiita, em 14 de setembro, provocando clamores xiitas por uma ação judicial mais rígida.
Autoridades iraquianas afirmaram que cerca de 1.200 dos estimados 6 mil prisioneiros detidos em Nassiriya foram condenados à morte, disse o comunicado.
(Por Tom Miles)