Por Diego Oré e Andreina Aponte
CARACAS (Reuters) - A oposição da Venezuela disse nesta terça-feira que não participará das conversas agendadas com o governo do presidente Nicolás Maduro, minando um esforço de diálogo que vinha sendo encarado com suspeita por muitos adversários do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
O governo defendeu as conversas com entusiasmo em meio a críticas globais segundo as quais Maduro está transformando o país em uma ditadura, mas a oposição sempre insistiu que as conversas não deveriam desviar o foco da crise econômica do país.
Os dois lados tiveram conversas exploratórias separadas com o presidente da República Dominicana no início deste mês, mas os oposicionistas disseram que Caracas não avançou o suficiente em temas como os direitos humanos para justificar conversas bilaterais plenas.
"Negociar não é ir e perder tempo, olhar para a cara de alguém, mas para que os venezuelanos tenham soluções imediatas", disse o líder opositor Henrique Capriles aos repórteres.
"Não podemos ter uma repetição do fracasso do ano passado", afirmou, referindo-se a negociações mediadas pelo Vaticano em 2016 que desmoronaram depois que a oposição disse que o governo as estava usando simplesmente como uma tática protelatória.
O Ministério da Informação não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Os oposicionistas querem uma data para a próxima eleição presidencial, prevista para o final de 2018, com garantias de que será livre e justa. Eles também pedem a libertação de centenas de ativistas presos, um corredor para a chegada de ajuda humanitária estrangeira e respeito pelo Congresso, no qual os oposicionistas são maioria.