Por Alexandra Ulmer e Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - Apoiadores da oposição da Venezuela se encaminhavam nesta quarta-feira para participar de manifestações em todo o país contra o impopular presidente socialista Nicolás Maduro, a quem acusam de ter se tornado um ditador por impedir um plebiscito que poderia retirá-lo do poder.
A nação sul-americana rica em petróleo atravessa uma recessão cruel, que vem obrigando muitas famílias pobres a cortar refeições ou sobreviver de mingau devido à escassez de alimentos e à inflação de três dígitos.
A coalizão opositora diz que Maduro precisa sair antes que a situação piore, mas na semana passada as autoridades eleitorais venezuelanas cancelaram a segunda etapa de uma coleta de assinaturas para a convocação de um referendo revogatório contra o presidente citando fraudes na primeira coleta.
Revoltada, a oposição afirmou que Maduro, um ex-motorista de ônibus e líder sindical, passou dos limites, e realizou uma passeata liderada por mulheres vestidas de branco no sábado, deu início a um julgamento político do líder no Congresso na terça-feira e organizou manifestações chamadas de "Tomada da Venezuela" para esta quarta-feira.
"Estamos no estágio final desta luta democrática", disse o líder opositor preso Leopoldo López em tuítes enviados de sua cela e publicados por sua família. "Deixem as ruas e estradas mandarem uma mensagem à repressão e à censura desta ditadura".
Alguns apoiadores da oposição relataram em redes sociais que bloqueios de estradas montados por forças de segurança estão atrasando sua entrada em Caracas, onde muitos pontos comerciais estão fechados e alguns pais não deixaram os filhos irem à escola.
Maduro rebate as acusações dizendo que na verdade é a oposição que tenta dar um golpe de Estado disfarçado por protestos pacíficos.
"Alguns querem ver a Venezuela cheia de violência e dividida", afirmou, usando uma camisa vermelha, a apoiadores entusiasmados durante um ato na terça-feira, quando prometeu se manter firme. "Eles não voltarão! A revolução irá continuar", disse, de punho erguido.
Ele disse que iria convocar um Comitê para a Defesa da Nação no palácio presidencial nesta quarta-feira para analisar as ações tomadas contra ele pela Assembleia Nacional e um diálogo com a oposição em princípio agendado para esta semana.
O presidente da Assembleia e opositor Henry Ramos foi convidado.
(Reportagem adicional de Corina Pons, Girish Gupta, Eyanir Chinea e Diego Oré)