Por Andrew Cawthorne e Mircely Guanipa
CARACAS/PUNTO FIJO (Reuters) - Soldados dispararam gás lacrimogêneo contra manifestantes opositores da Venezuela, que atiravam pedras nesta quarta-feira durante protesto para pressionar as autoridades eleitorais para que permitam um referendo revogatório do impopular presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) vem intensificando seus esforços para forçar a saída de Maduro em um cenário de crise econômica cada vez pior, mas diz que a comissão eleitoral, que é simpática ao governo, está adiando intencionalmente a verificação das assinaturas coletadas a favor do referendo.
Acenando com bandeiras e assoprando apitos, centenas de pessoas protestaram na capital Caracas e também nas províncias – onde a escassez de alimentos e os apagões são mais graves –, mas as autoridades as bloquearam.
Manifestantes e a Guarda Nacional se confrontaram em uma rodovia de Caracas onde os oposicionistas entoaram "liberdade" e acenaram com cópias da constituição. Alguns cobriam o rosto e atiravam pedras.
"Eles não nos deixam votar. Eles não nos deixam marchar. Eles não nos deixam comer. Eles não nos deixam viver pacificamente. O que mais podemos fazer? Temos que lutar como pudermos contra esta tirania", disse Juan, recusando-se a dizer o sobrenome enquanto vestia uma máscara.
Uma nova eleição será realizada se a oposição tiver sucesso em abreviar ainda este ano o governo de Maduro, cujo mandato vai até 2019.
Mas se um referendo revogatório, mesmo bem sucedido, for realizado só em 2017, a Presidência será assumida pelo vice-presidente, cargo ocupado atualmente pelo leal socialista Aristóbulo Istúriz.
A oposição afirma que Maduro, eleito em 2013, é incapaz de resolver a recessão econômica cada vez mais profunda do país e que está levando a Venezuela a uma catástrofe econômica.
Uma pesquisa de opinião recente mostrou que quase 70 por cento dos venezuelanos querem que o sucessor do popular Hugo Chávez saia do posto este ano.
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) critica os manifestantes, que considera golpistas, e realizou uma manifestação separada nesta quarta-feira. Autoridades disseram que um referendo ainda em 2016 é improvável e lançaram dúvidas sobre a legitimidade das cerca de 1,85 milhão de assinaturas submetidas a avaliação no dia 2 de maio.
(Reportagem adicional de Anggy Polaco em San Cristóbal)