Por Andrew Cawthorne e Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - A oposição na Venezuela prometeu nesta segunda-feira reviver a economia em crise do país e libertar ativistas políticos presos, depois de ganhar o controle do Legislativo pela primeira vez em 16 anos de regime socialista.
À tarde, alguns resultados das eleições de domingo não haviam ainda sido computados, mas a coalizão Mesa da Unidade Democrática já havia conquistado uma vitória enfática na Assembleia Nacional de 167 cadeiras.
Líderes opositores afirmaram que os números finais mostravam que eles haviam alcançado a marca crucial dos dois terços. Não houve confirmação disso pelo comitê eleitoral, que ainda tinha que anunciar 22 assentos.
Se alcançarem os dois terços, ou pelo menos 112 assentos, os opositores podem ter ainda mais poder contra o presidente, Nicolás Maduro, mexendo em instituições como os tribunais e o comitê eleitoral, vistos por muitos como pró-governo.
Maduro, de 53 anos, escolhido por Hugo Chávez, mas sem o carisma e a habilidade política do ex-líder, aceitou rapidamente a derrota num discurso ao país nas primeiras horas desta segunda-feira, o que acalmou os temores de violência.
Depois de tirar a Assembleia do "chavismo", nome do movimento de seguidores do ex-presidente Chávez, a oposição apresentou logo as suas prioridades.
"É uma grande oportunidade para nós, esse voto de protesto", afirmou o líder opositor Henrique Capriles sobre uma vitória que é atribuída à insatisfação dos eleitores com os socialistas e com a economia em crise.
O líder da coalizão, Jesús Torrealba, declarou que a oposição tentará mudar a lei do banco central para reduzir a impressão de dinheiro que tem alimentado o maior índice de inflação no mundo.
Apesar de não ter o poder para reformar a economia através do Parlamento, a oposição também está prometendo novas leis para estimular o setor privado e reverter as nacionalizações.
A oposição também quer aprovar uma lei de anistia para os adversários políticos de Maduro presos, quando a nova Assembleia começar os seus trabalhos em 5 de janeiro.
O mais conhecido político preso na Venezuela é Leopoldo López, condenado a quase 14 anos por promover violência política em 2014, quando 43 pessoas morreram. A oposição diz ter uma lista com mais de 70 presos.
Investidores reagiram positivamente ao resultado eleitoral na Venezuela, com títulos em dólar tendo uma subida forte.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou que a votação mostrou o "desejo imenso" dos venezuelanos por mudança e pediu um diálogo entre todos os partidos políticos para resolver os problemas do país.
(Reportagem adicional de Deisy Buitrago e Corina Pons, em Caracas; de Daniel Trotta, em Havana; de Danny Ramos, em La Paz; de Sujata Rao, em Londres; e de Arshad Mohammed, em Washington)