Por James Mackenzie
RAWALPINDI, Paquistão (Reuters) - O Paquistão reagirá com "força total" a qualquer ataque da Índia, disse o porta-voz do Exército nesta sexta-feira em meio ao agravamento das tensões entre os dois vizinhos, que têm armas nucleares, em função da Caxemira.
O general Asif Ghafoor se pronunciou uma semana depois de um grupo militante radicado no Paquistão assumir a autoria de um ataque suicida com um carro-bomba que matou 40 policiais paramilitares indianos na região do Himalaia disputada pela Índia e o Paquistão.
O principal comandante militar da Índia na região alegou que a agência de espionagem paquistanesa Interserviços de Inteligência (ISI) está envolvida.
"Não temos intenção de iniciar uma guerra, mas reagiremos com força total a uma ameaça de espectro total que surpreenderia vocês", disse Ghafoor aos repórteres na cidade de Rawalpindi, que abriga uma guarnição.
"Não mexam com o Paquistão."
A resposta do Exército veio dois dias depois de o primeiro-ministro, Imran Khan, pedir à Índia para que compartilhe toda e qualquer prova contestável, oferecendo cooperação plena na investigação da explosão.
Ele também propôs conversas com a Índia sobre todos os tópicos, inclusive o terrorismo, o que Nova Délhi sempre pleiteou como pré-requisito para qualquer diálogo entre os dois arquirrivais.
Índia e Paquistão travaram duas guerras desde a independência de 1947 por causa da Caxemira, que ambas reivindicam em sua totalidade.
Ghafoor também reiterou a oferta de diálogo.
"A Caxemira é uma questão regional", disse. "Vamos conversar sobre isso. Vamos resolver isso".
A Índia acusa grupos militantes islâmicos paquistaneses de se infiltrarem em sua parte da Caxemira para atiçar uma insurgência e ajudar movimentos separatistas.
Washington e Nova Délhi alegam que o Exército do Paquistão incentiva os militantes para usá-los como ferramenta de política externa de forma a ampliar seu poder na Índia e no Afeganistão – o que os militares vizinhos negam.
Um destes grupos é o Lashkar-e-Taiba (LeT), quem a Índia culpa por ataques em Mumbai em 2008 que mataram 166 pessoas dizendo que seu fundador, Hafiz Saeed, foi o mentor.
Os Estados Unidos ofereceram uma recompensa de 10 milhões de dólares por informações que levem a uma condenação pelos ataques de Mumbai.