Por Harriet McLeod
NORTH CHARLESTON, EUA (Reuters) - Com a passagem do furacão Matthew pelo sudeste dos Estados Unidos, Lindsay e Henry Barrios enfrentaram uma decisão com potencial para mudar suas vidas: deixar ou não sua casa na Carolina do Sul.
Eles se recusaram a ir caso isso significasse deixar seu cachorro Chihuahua para trás.
Felizmente para eles e para seu cachorro chamado Cash, muitos abrigos agora aceitam animais, lição aprendida após o furacão Katrina ter atingido New Orleans e grandes partes da Costa do Golfo dos Estados Unidos em 2005. As pessoas chegaram a abrigos com animais de estimação, apenas para descobrir que eles eram recusados.
O abrigo da escola primária Edmund A. Burns em North Charleston acolhia 119 pessoas, 19 cachorros e oito gatos nesta sexta-feira. Entre eles estava a família Barrios e Cash, da vizinha Charleston.
"Ele é membro da nossa família. Ele merece ficar seguro", disse Lindsay Barrios.
Mesmo em momentos de tristeza trazidos por desastres naturais, as pessoas se recusam a deixar seus animais de estimação para trás.
Com isso, autoridades ao longo da região afetada pelo furacão Matthew, da Carolina do Sul à Flórida, se certificaram de que animais seriam recebidos em alguns abrigos, para se assegurar de que as pessoas também fiquem seguras.
"Certamente é uma lição aprendida com o furacão Katrina", disse Trina Sheets, diretora-executiva da Associação de Gestão de Emergências Nacionais, grupo que representa diretores estatais de serviços de emergência.
Na sequência do Katrina, missões de resgate para salvar animais de estimação colocaram pessoas em risco e desviaram recursos.
"Cada Estado do país aprendeu essa lição, e sempre que houver retiradas em grande escala, você também verá abrigos que abrem e são aptos a acomodar animais de estimação", disse Sheets.
A escola primária Burns é um dos três abrigos oficialmente sancionados como abertos a animais perto de Charleston e a melhor opção para os que não conseguiram encontrar um hotel que acomodasse seus bichos.
Famílias dormiam ou se sentavam no chão do pátio de entrada. Elas trouxeram sacos de dormir, alimentos, celulares e revistas. Cachorros e gatos foram abrigados em gaiolas longe de seus donos na biblioteca da escola e eram vigiados por dois policiais.
“Cachorros e gatos não se dão bem e você tem o problema da diferença entre cachorros grandes e pequenos. Por isso os colocamos em gaiolas e temos que limitar o acesso”, disse o xerife do condado de Charleston, sargento David Willis.
Os animais incluíam o seu próprio pastor branco, vestindo uma ThunderShirt, colete de pressão que acalma a ansiedade de cães de grande porte que detectam tempestades se aproximando, disse Willis.
"As raças pequenas não poderiam se importar menos", acrescentou Willis.
A sala estava tranquila, exceto por latidos ocasionais e uivos baixos vindos de gaiolas cobertas com panos.
Os donos foram autorizados a fazer três visitas de meia hora por dia para caminhar, alimentar ou falar com seus animais de estimação.
"É como se fossem seus filhos", disse Willis.
(Reportagem de Harriet McLeod, Gabriel Stargardter e Letitia Stein)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765)) REUTERS TR