Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - Astrônomos revelaram a existência do que parece ser a primeira lua detectada fora de nosso sistema solar, um grande mundo gasoso do tamanho de Netuno que não se parece com nenhuma lua conhecida e orbita um planeta também gasoso muito maior do que Júpiter.
A descoberta, detalhada por pesquisadores nesta quarta-feira, foi uma surpresa, e não por mostrar que existem luas em outros lugares – eles acreditavam ser só uma questão de tempo para uma ser encontrada em outro sistema solar. O que os maravilhou foi o quão diferente ela é das cerca de 180 luas conhecidas de nosso sistema solar.
"Ela é grande e estranha para os padrões do sistema solar", disse David Kipping, professor de astronomia da Universidade Columbia, a respeito da exolua, assim chamada por estar fora de nosso sistema solar.
As luas de nosso sistema solar são todas objetos rochosos e gelados. A exolua recém-descoberta e o planeta que ela orbita, que se estima ser várias vezes mais volumoso do que Júpiter, o maior planeta de nosso sistema solar, são ambos gasosos, uma combinação inesperada. Eles estão localizados a 8 mil anos-luz da Terra.
Kipping e Alex Teachey, estudante de graduação de Columbia e coautor do estudo, disseram que suas observações com o Telescópio Espacial Hubble e o Telescópio Espacial Kepler da Nasa forneceram o primeiro indício claro de uma exolua, mas novas observações a serem feitas com o Hubble em maio do ano que vem devem ser usadas para confirmar a descoberta.
A exolua é exponencialmente maior do que a maior lua de nosso sistema solar. Enquanto a lua Ganimede de Júpiter tem um diâmetro de cerca de 5.260 quilômetros, estima-se que a exolua tem a dimensão aproximada de Netuno, o menor dos quatro planetas gasosos de nosso sistema solar, com um diâmetro de cerca de 49 mil quilômetros.
A exolua e seu planeta orbitam a Kepler-1625, uma estrela semelhante em temperatura ao nosso sol, mas cerca de 70 por cento maior. A lua recém-descoberta orbita a cerca de 3 milhões de quilômetros de seu planeta e sua massa é aproximadamente 1,5 por cento daquela do planeta.
Kipping e Teachey recorreram ao método de "trânsito" já usado por pesquisadores para detectar quase 4 mil planetas exteriores ao nosso sistema solar, os chamados exoplanetas. Eles observaram uma diminuição do brilho da Kepler-1625 quando o planeta e depois sua exolua passaram diante dele.
O tamanho e a composição gasosa da exolua desafiam as teorias atuais sobre a formação de luas.
"Você poderia argumentar que, como objetos grandes são mais fáceis de detectar do que os menores, esta é a fruta no galho mais baixo, então pode não ser totalmente inesperado que a detecção da primeira exolua estaria entre as maiores possíveis", disse Teachey.
As descobertas foram publicadas no periódico científico Science Advances.