Por Andrew Cawthorne e Deisy Buitrago
CARACAS (Reuters) - De seu refúgio na residência do embaixador do Chile, o líder oposicionista Freddy Guevara defendeu a "desobediência civil" contra o presidente Nicolás Maduro e exortou oponentes desmoralizados a se unirem e o afastarem em uma eleição presidencial.
"Todo o foco de nossa luta agora é ter eleições presidenciais verdadeiramente livres", disse o parlamentar, em um vídeo divulgado de segunda para terça-feira, após entrar na residência diplomática no final de semana.
A Venezuela deve eleger um novo presidente em 2018, mas inimigos de Maduro estão exigindo que o conselho eleitoral pró-governo primeiro seja reformado, argumentando que, em caso contrário, a votação será manipulada.
Dizendo que ele deveria ser julgado por violência, autoridades revogaram a imunidade parlamentar de Guevara e proibiriam o líder de 31 anos do partido linha-dura Vontade Popular de viajar.
Guevara, que é vice-presidente da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, esteve na linha de frente das manifestações de rua anti-Maduro entre abril e julho, nas quais ao menos 125 pessoas morreram e milhares ficaram feridas.
Os oposicionistas dizem que o governo de esquerda de Maduro arruinou a economia venezuelana, rica em petróleo, e que vem recorrendo a táticas cada vez mais autoritárias para se manter no poder.
"Os usurpadores da Suprema Corte e da Procuradoria-Geral do Estado me acusam de crimes que não cometi, mas baseados em eventos que não reconheço", afirmou Guevara no vídeo publicado em redes sociais.
"Sim, convoquei protestos e acredito na desobediência civil. Eu os organizei e o farei novamente. Jamais me convencerão, (nem) àqueles que estavam nas ruas nem à comunidade internacional, que somos culpados quando vocês nos assassinaram."
O procurador-geral, Tarek Saab, que recentemente substituiu uma procuradora dissidente, apresentou o caso contra Guevara à Assembleia Constituinte pró-Maduro em uma sessão realizada na noite de segunda-feira.
Saab culpou Guevara pelos disparos, apedrejamento e esfaqueamento de agentes de segurança, por pagar adolescentes para protestar e por exortar a violência durante os protestos neste ano.