Por Joan Faus
MADRI (Reuters) - As aspirações do líder socialista espanhol Pedro Sánchez de continuar no cargo de primeiro-ministro sofreram um revés nesta quinta-feira, quando apoiadores do Podemos votaram para apoiá-lo apenas se o partido da extrema-esquerda tiver papéis de destaque em seu futuro gabinete.
O Parlamento votará na semana que vem a confirmação ou rejeição de Sánchez como premiê, uma posição que ele ocupa de maneira provisória desde as eleições parlamentares de abril, nas quais não conseguiu atingir a maioria dos votos. Se ele não for confirmado no cargo, é provável que uma nova eleição possa acontecer em novembro.
A aliança dos socialistas com o Podemos, os aliados mais naturais do partido do atual primeiro-ministro, levariam Sánchez para uma distância muito próxima da maioria parlamentar da qual ele precisa, mas, até agora, os dois partidos ainda não conseguiram chegar a um acordo. O Podemos quer cargos importantes para seu líder, Pablo Iglesias, e para outros como parte de um governo de coalizão, e Sánchez ofereceu apenas algumas pastas menos importantes.
Em ato criticado duramente por Sánchez, o Podemos consultou seus membros sobre se o partido deveria exigir que seus principais quadros integrassem o governo como uma condição para o apoio a Sánchez na votação no Parlamento. A resolução foi endossada por 70% dos membros do partido que participaram de uma votação interna, segundo informou o Podemos na noite de quinta-feira.
"Eu acho que a coligação Unidas Podemos não avançou nada nesta posição. A única coisa que sabemos é o resultado daquela votação, e nada mais", disse a vice-primeira-ministra Carmen Calvo à rádio Cadena SER.
A divisão entre os dois partidos já havia aumentado mais cedo, quando Sánchez descartou ter Iglesias em seu gabinete.
"O que eu ofereci é que incluamos pessoas qualificadas do Podemos, e o desacordo novamente foi sobre a participação do sr. Iglesias no governo", disse Sánchez à TV LaSexta.
"Não é possível que Iglesias faça parte do governo", acrescentou Sánchez, citando diferenças políticas em relação a questões como a maneira de lidar com a independência da Catalunha.
O Podemos disse que os comentários de Sánchez eram inaceitáveis e que rejeitar Iglesias como parte do governo significaria rejeitar o partido como um todo.
(Reportagem de Joan Faus)