Por Simon Lewis e Andrea Shalal e Andrew Gray
WASHINGTON (Reuters) - Os líderes dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) chegam a Washington nesta semana com a intenção de aprofundar o apoio à Ucrânia, mas vão se deparar com outro tipo de desafio: como lidar com o possível retorno do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teve um desempenho ruim em um debate realizado em 27 de junho, impulsionando Trump nas pesquisas de opinião antes da eleição de 5 de novembro, que pode mudar a política externa de Washington.
A cúpula da Otan, que começa na terça-feira, tinha como objetivo comemorar o 75º aniversário de uma aliança da era da Guerra Fria que encontrou um novo propósito ao se opor à invasão da Ucrânia pelo presidente russo Vladimir Putin.
"A teoria da Casa Branca era de que (a cúpula da Otan) mostraria os grandes pontos fortes de Biden, que é o fato de ele entender do assunto", disse Daniel Fried, ex-diplomata do Departamento de Estado dos EUA para a Europa.
"Mas o debate fez tudo retroceder. A política vai se sobrepor a isso."
Embora grande parte da atenção se concentre em Biden, em meio a crescentes apelos dentro de seu próprio partido para que se afaste da candidatura à reeleição, os delegados terão uma agenda focada na ajuda militar e financeira para a Ucrânia e na oferta de algum caminho para eventual adesão de Kiev à Otan.
O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, falando em uma coletiva de imprensa, reconheceu que as cúpulas da aliança sempre ocorrem dentro de um contexto político doméstico.
Mas ele declarou: "O que eu posso fazer, e a Otan pode fazer, é nos concentrarmos na essência da Otan. E é exatamente isso que faremos."
Uma autoridade do governo Biden, informando os repórteres nesta sexta-feira antes da cúpula, disse que os aliados reconhecem o trabalho de Biden para "revigorar a aliança da Otan, incluindo expandi-la, tornando-a mais capaz".
"Os líderes estrangeiros têm visto Joe Biden de perto e pessoalmente nos últimos três anos. Eles sabem com quem estão lidando", disse a autoridade, que falou sob condição de anonimato.
A perspectiva de um segundo mandato de Trump alarma muitos dos 32 países membros da Otan, dadas suas frequentes críticas à aliança dentro e fora do cargo.
Trump tem sugerido que não defenderia os membros da Otan que não cumprissem a meta de gastos com defesa, de 2% do PIB de cada membro, caso sofressem um ataque militar. Ele também tem questionado o valor da ajuda concedida à Ucrânia.