Por Yoshifumi Takemoto e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, reformulou seu ministério nesta quarta-feira em meio à crescente irritação pública sobre os laços do partido governista com a controversa Igreja da Unificação, dizendo que o grupo não tem influência sobre a política partidária.
Os vínculos de longa data do Partido Liberal Democrata com a Igreja da Unificação, que os críticos chamam de culto, tornaram-se um grande passivo para Kishida no mês seguinte ao assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, ajudando a reduzir os índices de aprovação de Kishida para o nível mais baixo desde que assumiu o cargo em outubro.
O suposto assassino de Abe disse que sua mãe, membro da igreja, foi à falência e culpou o político por apoiar a instituição. Fundado na Coreia do Sul na década de 1950 e conhecido por seus casamentos em massa, o grupo tem sido criticado por sua arrecadação de fundos e outras questões.
Desde então, foram reveladas ligações de cerca de uma dúzia de políticos do conservador Partido Liberal Democrata com a igreja ou organizações afiliadas --como falar em eventos-- destacando um relacionamento com a igreja ferozmente anticomunista que remonta à Guerra Fria.
"Precisamos respeitar a liberdade de religião, mas é natural que esses grupos precisam obedecer às leis e serem tratados caso se desviem delas", disse Kishida em entrevista coletiva, acrescentando que não acredita ter qualquer ligação com a Igreja.
"Não acho que as políticas da Igreja da Unificação tenham influenciado injustamente as políticas do partido", afirmou ele.
Membros-chave do gabinete, como os ministros das Relações Exteriores e das Finanças, mantiveram seus cargos, mas sete ministros que revelaram ligações com a igreja foram removidos dos cargos.
Entre eles está o irmão mais novo de Abe, Nobuo Kishi, que havia sido ministro da Defesa, embora muitos já esperassem que ele saísse por motivos de saúde.