BANCOC (Reuters) - O primeiro-ministro da Tailândia, Prayuth Chan-ocha, ordenou um reforço na segurança de Bancoc nesta segunda-feira, depois que duas bombas pequenas sacudiram um shopping center de luxo e elevaram a tensão na capital, sob lei marcial desde um golpe de Estado em maio passado.
Duas pessoas ficaram levemente feridas, mas as detonações do anoitecer de domingo causaram pouco estrago. Elas foram as primeiras a atingir a cidade desde que os militares tomaram o poder para pôr fim a meses de manifestações de rua às vezes mortais.
"Ordenei que a segurança seja reforçada, porque este caso envolve o bem-estar do povo", disse Prayuth aos repórteres.
"Este caso mostra que ainda precisamos da lei marcial... ainda há pessoas más violando a paz. Precisamos encontrar maneiras de puni-las severamente."
Ninguém assumiu a autoria do atentado.
Filmagens do canal de televisão chinês CCTV exibiram dois possíveis suspeitos perto de onde as bombas improvisadas com tubos explodiram, no centro de um dos bairros comerciais mais movimentados de Bancoc, mas as imagens não são claras e eles não foram identificados, declarou a polícia.
O ministro da Defesa tailandês, Prawit Wongsuwan, afirmou que tais episódios de violência "infligem uma perda de confiança" no país. O turismo representa cerca de 10 por cento da economia tailandesa.
A tensão política está alta desde o mês passado, quando uma assembleia nacional escolhida a dedo pela junta proibiu a ex-premiê Yingluck Shinawatra de exercer atividades políticas durante cinco anos.
A decisão revoltou os apoiadores de Yingluck e de seu irmão autoexilado e também ex-premiê, Thaksin Shinawatra, embora tenham surgido poucos sinais de uma retomada dos protestos que assolaram a Tailândia durante anos. Os militares têm sido duros com a oposição desde o golpe.
Há uma década o país vem lidando com turbulências na política. Ex-magnata das telecomunicações, Thaksin e seus aliados vêm disputando o poder com o establishment de Bancoc, que é leal aos militares e vê os Shinawatras como uma ameaça, rejeitando suas políticas populistas.
As bombas explodiram a poucas centenas de metros do local de uma ação militar contra os apoiadores "camisa vermelha" dos Shinawatras, como ficaram conhecidos, em 2010.
Bombas caseiras semelhantes às usadas no domingo mantiveram a capital em tensão durante meses na esteira da repressão de cinco anos atrás.
A motivação das explosões recentes parece ter sido criar pânico, disse o porta-voz da junta, Winthai Suvaree. As bombas estavam atrás de transformadores de energia em uma passarela que liga uma linha de trem suspensa ao shopping Siam Paragon, informou a polícia.
Os episódios esporádicos de violência durante os seis meses de protestos que antecederam o golpe de 22 de maio causaram quase 30 mortes.
(Por Aukkarapon Niyomyat, Pracha Hariraksapitak, Kaweewit Kaewjinda e Panarat Thepgumpanat)