TEERÃ (Reuters) - Preocupada com a postura dura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto ao Irã, a União Europeia (UE) está cortejando Teerã para que mostre que os iranianos se preparam para votar em maio em uma eleição presidencial comprometida com o acordo nuclear do qual devem se beneficiar, de acordo com diplomatas europeus.
O comissário de energia da UE lidera mais de 50 companhias europeias em um fórum de negócios em Teerã neste fim de semana – na mais recente tentativa de forjar novos laços com o Irã, que 16 meses atrás conteve seu programa nuclear em troca da retirada de sanções.
Das seis potências que estruturaram o acordo – Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia –, os países europeus foram os mais afetados pelo embargo ao petróleo iraniano.
Em encontro com o chefe atômico do Irã, Ali Akbar Salehi, o comissário Miguel Aris-Canete ecoou o mantra da UE de que está “totalmente comprometido” ao acordo de 2015 e espera o mesmo das outras partes.
Mas a influência do bloco segue limitada, principalmente se a UE não conseguir proteger suas companhias do risco das sanções remanescentes dos EUA e encorajar grandes bancos a reverterem mais de uma década de exclusão do Irã do sistema financeiro internacional.
No sábado, a exclusão do sistema financeiro internacional foi tema de outra grande conferência em Teerã, com participação dos bancos centrais da Alemanha e do Irã.
Algumas companhias ocidentais voltaram ao país, como as fabricantes de aviões Airbus e Boeing e de automóveis Peugeot-Citroen e Renault, mas muitas ficaram para trás, temendo que Trump aperte os parafusos em um conjunto já complexo de regras de engajamento com Teerã.
O ritmo e a escala dos investimentos ocidentais no Irã dependem das eleições presidenciais de 19 de maio, na qual rivais extremistas devem desafiar a reeleição do pragmático Hassan Rouhani.
A autoridade máxima do Irã, o líder supremo aiatolá Ali Khamenei, e seus aliados criticam a política de Rouhani de reaproximação com o Ocidente, argumentando que o acordo nuclear de 2015 não teve os benefícios prometidos pelo presidente.
“Ele precisa de mais tempo... Ele tem que receber a chance”, disse a vice-presidente do Irã, Masoumeh Ebtekar, em entrevista à Reuters. “Há muito entusiasmo em trabalhar com o Irã agora e... espero que o governo norte-americano acorde para estas realidades”, acrescentou.
(Por Alissa de Carbonnel)