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Por Krisztina Than e Anita Komuves
BUDAPESTE (Reuters) - O primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán acusou a União Europeia de querer impor um governo "fantoche" na Hungria e apresentou a eleição do próximo ano como uma escolha entre a paz ou ir à guerra para "morrer pela Ucrânia".
Enquanto dezenas de milhares de seus partidários lotavam uma praça central em Budapeste, Orbán, ameaçado por um partido de oposição pró-UE de centro-direita, disse que Bruxelas queria guerra e pretendia eventualmente dividir a Ucrânia.
"É por isso que eles querem espremer a Ucrânia na UE a qualquer preço... para trazer a guerra para a Europa e levar o dinheiro da (UE) para a Ucrânia", disse Orbán no comício em frente ao Parlamento.
Orbán, que se opõe à política da UE de fornecer ajuda militar a Kiev, há muito tempo considera a Ucrânia uma ameaça aos húngaros, dizendo que sua possível adesão à UE destruiria a agricultura e colocaria em risco os empregos e até mesmo as aposentadorias dos húngaros.
Ele reiterou sua posição nesta quinta-feira, dizendo que a Ucrânia não deve ter permissão para entrar no bloco.
A UE deveria concordar, em princípio, em financiar a Ucrânia pelos próximos dois anos em uma cúpula em Bruxelas nesta quinta-feira. Ela rejeita sugestões de que o fornecimento de ajuda militar prolonga a guerra e diz que está ajudando Kiev a se defender.
A comemoração da Hungria, nesta quinta-feira, do levante antissoviético de 1956, que foi esmagado pelo Exército Vermelho, ocorre em um momento delicado para Orbán, que manteve bons laços com o Kremlin, apesar de o restante da UE tentar isolar Moscou.
Orbán enfrentará eleições provavelmente em abril de 2026, e o novo partido de oposição Tisza, de Peter Magyar, um ex-integrante do governo, lidera a maioria das pesquisas de opinião. Magyar, 44 anos, discursou para dezenas de milhares de seus apoiadores em um comício rival nesta quinta-feira.
APOIADORES DE MAGYAR PEDEM MUDANÇA
Magyar acusou Orbán de comandar um governo cada vez mais autoritário e corrupto. O governo nega tais alegações, mas Magyar tem aproveitado as frustrações dos eleitores com Orbán, especialmente porque a economia está crescendo pouco depois de um choque inflacionário. Ele também prometeu manter a Hungria firmemente ancorada na União Europeia e na Otan.
Agitando a bandeira nacional, Magyar subiu ao pódio enquanto seus apoiadores lotavam a histórica Praça dos Heróis de Budapeste. Eles gritaram: "Estamos fartos" e "Russos voltem para casa".
Magyar lembrou-se de 1989, quando Orbán ganhou fama ao se levantar e exigir que as tropas soviéticas saíssem da Hungria durante uma cerimônia de sepultamento do ex-primeiro-ministro Imre Nagy, que liderou o levante antissoviético de 1956.
"Esse político que exigiu que as tropas russas deixassem a Hungria agora é o aliado mais leal do Kremlin", disse Magyar. "Ele construiu um sistema no qual o poder é centralizado, a imprensa está sob controle... e o país é governado pelo medo."
Os apoiadores disseram que era hora de mudar.
"Estou farto desse sistema, que já está em vigor há 15 anos", disse Istvan Cirkusz, que afirmou que os jovens estavam deixando o país.
"Estamos em queda, o PIB está no fundo do poço em comparação com a Europa."
