BUENOS AIRES (Reuters) - Com uma greve e uma manifestação que lotou o centro de Buenos Aires, os professores argentinos tentaram nesta quarta-feira chamar a atenção do presidente Mauricio Macri, que pretende limitar os aumentos salariais para não agravar a já alta inflação do país.
A manifestação é a segunda realizada por professores neste mês contra o presidente liberal, que luta contra os principais sindicatos do país numa tentativa de conter os salários públicos e privados, uma vez que considera fundamental reduzir a inflação e o déficit fiscal para que a economia deslanche.
Os professores, que realizaram vários dias de greve ao longo de março quando começaram as aulas — demandam que o ajuste salarial deste ano compense em parte uma inflação que chegou a 40,9 por cento em 2016, segundo dados oficiais, e melhoras no sistema público de educação.
Mas as negociações com autoridades nacionais e estaduais — encarregadas dos reajustes salariais em seus distritos — estão paralisadas há semanas.
"Se o governo nacional não escuta ... este conflito não vai destravar. O governo nacional vem pela privatização" da educação pública, disse Sonia Alesso, secretária-geral do Ctera, uma das maiores associações de professores do país, durante o ato central na Plaza de Mayo, em frente à sede do governo.
Em meio a reinvindicações salariais de diferentes categorias de trabalhadores, a CGT, principal central sindical do país, anunciou uma greve geral para abril, adicionando combustível a uma tensão social que só cresce à medida que se aproximam as eleições legislativas de outubro.
(Por Nicolás Misculin)