SAN JOSÉ (Reuters) - Cuba não aceitará nenhuma interferência em seus assuntos internos durante as negociações com os Estados Unidos, advertiu nesta quarta-feira o presidente cubano, Raúl Castro, alertando que uma eventual intromissão tornaria o descongelamento das relações diplomáticas bilaterais sem sentido.
Raúl pediu ao presidente norte-americano, Barack Obama, que use seus poderes executivos para aliviar um embargo de décadas, dizendo que o líder dos EUA poderia estender medidas para suavizar o bloqueio, como as anunciadas para o setor de telecomunicações, para o resto da economia cubana.
"Tudo parece indicar que o objetivo é fomentar uma oposição política artificial através de meios econômicos, políticos e meios de comunicação", disse Raúl durante uma cúpula na Costa Rica.
"Se esses problemas não forem resolvidos, essa aproximação diplomática entre Cuba e os Estados Unidos não teria sentido", disse ele.
Raúl afirmou que estava ciente que o fim do embargo "será um caminho longo e difícil".
Os EUA e Cuba realizaram uma negociação histórica de alto nível em Havana na semana passada que deve levar ao restabelecimento das relações diplomáticas cortadas por Washington em 1961.
Obama precisa de aprovação do Congresso Nacional, controlado pelos republicanos, para normalizar completamente as relações com Cuba, e os republicanos, como o senador pela Flórida Marco Rubio, se opuseram ao engajamento enquanto Cuba mantiver um Estado de partido único, reprimir dissidentes e controlar os meios de comunicação.
(Reportagem de Enrique Andrés Pretel)