Por Polina Ivanova e Polina Nikolskaya e Maria Tsvetkova
MOSCOU (Reuters) - A polícia russa prendeu pelo menos 400 pessoas nesta quarta-feira, com milhares de pessoas em dezenas de cidades participando de manifestações organizadas por aliados do crítico do Kremlin Alexei Navalny por causa de sua saúde debilitada na prisão. Ele está fazendo greve de fome.
Dois dos aliados mais próximos de Navalny foram presos em Moscou no mesmo dia em que o presidente Vladimir Putin fez um discurso de estado da nação alertando o Ocidente a não cruzar os limites da Rússia e propositalmente não fez menção ao opositor.
O OVD-Info, um grupo que monitora protestos e detenções, disse que mais de 400 pessoas foram presas, mas o número deve aumentar.
"Todos percebem que as atuais autoridades não têm nada de novo a propor para o país. Precisamos de uma nova geração de políticos. Vejo Navalny como um deles", disse Ilya, uma estudante de 19 anos da cidade de Vladivostok, no extremo leste.
Manifestantes no centro de Moscou gritavam "Liberdade para Navalny!" e "Deixe os médicos entrarem!". A esposa de Navalny, Yulia, juntou-se à manifestação em Moscou, onde os participantes gritavam o nome dela.
A oposição esperava que as manifestações fossem as maiores da história moderna da Rússia e as apresentou como uma tentativa de salvar a vida de Navalny persuadindo as autoridades a permitir que seus próprios médicos o tratassem.
Mas a participação parecia menor do que durante os protestos no início deste ano, antes de Navalny ser preso por 2 anos e meio por violações da liberdade condicional relacionadas ao que ele disse serem acusações de peculato por motivos políticos.
A polícia disse que 6.000 pessoas protestaram ilegalmente em Moscou, enquanto o canal de Navalny no YouTube disse que o comparecimento na capital foi até 10 vezes maior.
Navalny, de 44 anos, que no ano passado sobreviveu a um ataque de agente nervoso que as autoridades russas negaram ter realizado, está magro e fraco após passar fome por três semanas, e seus aliados dizem que ele corre o risco de falência renal ou parada cardíaca. Os Estados Unidos alertaram a Rússia que o país enfrentará "consequências" se ele morrer.
A Rússia diz que ele tem sido tratado como qualquer outro prisioneiro.
O confronto sobre o destino de Navalny é um ponto crítico nas relações de Moscou com o Ocidente, já agravado por sanções econômicas, expulsões diplomáticas e um aumento militar russo perto da Ucrânia.
Especialistas em direitos humanos da ONU pediram a Moscou que permita que Navalny seja avaliado clinicamente no exterior. Eles disseram acreditar que a vida dele está em perigo, pois está sendo mantido em "condições que podem equivaler a uma tortura".
(Reportagem de Tom Balmforth, Anton Zverev, Gabrielle Tétrault-Farber, Polina Ivanova, Polina Nikolskaya, Maria Tsvetkova em Moscow, Alexei Chernyshev em Vladivostok, Stephanie Nebehay em Genebra e Patricia Zengerle em Washington)