Por Denis Pinchuk
TEERÃ (Reuters) - Os presidentes de Turquia, Irã e Rússia não conseguiram combinar nesta sexta-feira um cessar-fogo que deteria uma ofensiva do governo da Síria em Idlib, província dominada por rebeldes que a Organização das Nações Unidas (ONU) teme que possa causar uma catástrofe humanitária que afetaria dezenas de milhares de civis.
O turco Tayyip Erdogan, o russo Vladimir Putin e o iraniano Hassan Rouhani, que se reuniram em Teerã para uma cúpula dos principais envolvidos na guerra síria, concordaram em um comunicado final que uma solução militar para o conflito não é possível e que este só pode terminar por meio de um processo político negociado.
Enquanto aviões de guerra sírios e russos realizavam ataques aéreos em Idlib na manhã desta sexta-feira, em um possível prelúdio de uma ofensiva de larga escala, Putin e Rouhani refutaram um pedido de trégua de Erdogan.
O líder turco disse que teme um massacre e que seu país não consegue acomodar mais nenhum dos refugiados que chegam em levas pela fronteira.
Putin disse que um cessar-fogo seria inútil já que não envolveria grupos militantes islâmicos que considera terroristas. Rouhani disse que a Síria precisa retomar o controle de todo o seu território.
Idlib é o último grande bastião dos insurgentes, e uma arremetida do governo pode ser a última e decisiva batalha da guerra.
Teerã e Moscou ajudaram Assad a reverter o curso do conflito contra uma gama de adversários, de rebeldes apoiados pelo Ocidente aos militantes islâmicos, enquanto Ancara é um dos maiores apoiadores da oposição e tem tropas no país.
Seus debates em Teerã sinalizam um ponto crucial de uma guerra de sete anos que já matou mais de meio milhão de pessoas e expulsou 11 milhões de suas casas.
Em seus comentários iniciais Erdogan disse que um cessar-fogo em Idlib seria uma vitória da cúpula.
Putin respondeu: "O fato é que não existem representantes da oposição armada aqui nesta mesa. E mais ainda, não existem representantes da Jabhat al-Nusra, do Isis (Estado Islâmico) ou do Exército sírio".
No comunicado final, os três concordaram sobre a necessidade de eliminar o Estado Islâmico, a Frente Al-Nusra e outros grupos ligados à Al Qaeda e designados como terroristas, mas há outros grupos da oposição armada que poderiam participar de qualquer acordo de cessar-fogo, disseram.