(Reuters) - O ator Sean Penn disse em entrevista exibida nesta sexta-feira que lamenta a repercussão de sua reportagem com o chefe do tráfico mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, que tinha como objetivo discutir a violência das drogas, segundo o astro de Hollywood.
"Eu lamento terrivelmente", disse Penn ao apresentador Charlie Rose, do programa de TV This Morning, da CBS, em entrevista gravada na quinta-feira em Santa Monica, na Califórnia. "Eu lamento que a discussão inteira sobre essa reportagem ignore o seu propósito, que era tentar contribuir para essa discussão sobre a política da Guerra às Drogas".
Guzmán foi recapturado pela polícia mexicana na semana passada, seis meses após ter protagonizado uma fuga espetacular da prisão por meio de um túnel dentro de sua cela. Enquanto estava foragido, Guzmán teve um encontro secreto com Penn em um esconderijo na selva --fato que o governo diz ter sido "essencial" para encontrá-lo.
A reportagem com base na entrevista concedida a Penn, de 55 anos, foi publicada na revista Rolling Stone no sábado. Nela, Guzmán se vangloria dos envios de drogas e da lavagem de dinheiro por meio de grandes empresas mexicanas e estrangeiras.
O ator rejeitou as alegações de que a entrevista resultou na prisão de "El Chapo".
"Existe esse mito sobre a visita que fizemos, meus colegas e eu, a El Chapo, que foi... 'essencial' para a captura dele", disse Penn. Ele disse que se encontrou com Guzmán há "muitas semanas" e em um local longe do ponto de sua captura.
As autoridades mexicanas querem incentivar os cartéis de drogas a colocar a culpa pela prisão de Guzmán no encontro, segundo Penn, porque o governo ficou constrangido por Penn e seus colaboradores terem encontrado o traficantes antes que as autoridades conseguissem prendê-lo.
Penn disse que poderia estar correndo perigo, mas afirmou não ter medo de possíveis ameaças. Ele não disse quem organizou o encontro com Guzmán, mas contou ter um contato que "facilitou um convite".
(Reportagem de Laila Kearney)