Por Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Defesa interino dos Estados Unidos, Patrick Shanahan, fez sua segunda viagem à fronteira com o México, neste sábado, enquanto o Pentágono tenta desenvolver um plano de longo prazo para apoiar as políticas de imigração do presidente Donald Trump.
Shanahan viajou para McAllen, no Texas, para se encontrar com oficiais na fronteira e visitar um estabelecimento de processamento de imigrantes e a estação da Patrulha da Fronteira, dois dias depois de a Casa Branca anunciar a intenção de Trump de nomear o ex-executivo da Boeing como secretário de Defesa.
Ele foi acompanhado por outro secretário interino, Kevin McAleenan, que lidera a pasta de Segurança Nacional, depois de mudanças instigadas por Trump, cujas política rígidas de imigração não impediram uma onda crescente de imigrantes.
Na sexta-feira, o Pentágono afirmou que Shanahan aprovou a transferência de US$ 1,5 bilhão para construir mais de 130 quilômetros de barreiras na fronteira com o México, parte de um projeto remendado, depois de Trump não conseguir financiamento do Congresso para um muro de verdade na fronteira.
Trump quer que o exército americano tenha um papel maior na fronteira com o México e, apesar de críticas de legisladores, oficiais do Pentágono afirmam que buscam criar um plano de longo prazo para apoiá-lo.
Segundo Shanahan, o auxílio militar não seria dado “indefinidamente". "Teria um período de tempo estabelecido”, disse ele a um pequeno grupo de repórteres em entrevista na fronteira. A assistência aconteceria por mais de alguns meses, acrescentou, dizendo também que trabalhava para acelerar o apoio da Segurança Nacional.
O Pentágono colocou um general de duas estrelas para trabalhar com a Segurança Nacional, em busca de descobrir quais exigências militares haveria no futuro. Shanahan disse que esperava receber um plano do general nas próximas semanas.
“A questão é encarar essa tarefa a la carte, 'ei, precisamos de 50 caras para fazer isso, 50 caras para fazer aquilo'”, afirmou uma fonte sênior da Defesa, sob a condição de anonimato.
O oficial da Defesa disse que o planejamento quer saber o que o exército pode fornecer por pelo menos dois anos, embora esse cronograma possa mudar. O Pentágono recebeu outro pedido da Segurança Nacional para fornecer moradia para imigrantes detidos, algo que o exército estava revisando, acrescentou o oficial.
“O que esperamos é ter, em um prazo relativamente curto para o secretário de Segurança Nacional, um plano mais abrangente e muito mais previsível para os próximos anos”, disse o presidente de Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general Joseph Dunford, durante uma audiência no começo desta semana.
Há atualmente por volta de 4.500 soldados dos Estados Unidos na fronteira, autorizados a ficar no local até o fim de setembro.
CRÍTICAS DOS DEMOCRATAS
A decisão de transferir US$ 1,5 bilhão para a fronteira aconteceu depois da transferência de US$ 1 bilhão de verba militar, em março, para financiar o muro, o que legisladores democratas criticaram bastante.
Os 10 democratas do sub-comitê de apropriações do Senado, que lida com Defesa, veteranos e gastos relacionados a ambos, escreveram para Shanahan se opondo à decisão.
Legisladores indicaram, recentemente, que podem responder colocando novas restrições na autoridade do Pentágono de mover dinheiro, como fizeram no passado para lidar com desastres naturais. Shanahan disse que entendia que legisladores poderiam tirar autoridade do Pentágono no futuro, mas não sabia como aliviar suas preocupações.