Por Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - Em uma fábrica antiga e dilapidada da Bélgica, o sobrevivente do Holocausto Simon Gronowski comemorou seu iminente 90º aniversário estrelando uma ópera inspirada em sua vida, uma história de amor, fé e perdão que supera a tragédia mais nefasta.
Em 1943, Gronowski tinha 11 anos e morava em Bruxelas quando os nazistas o colocaram juntamente com a mãe e a irmã em um trem com destino a Auschwitz, o campo de extermínio na Polônia sob ocupação alemã.
O trem foi detido brevemente por três membros da resistência belga em Boortmeerbeek, 30 quilômetros a nordeste de Bruxelas. No caos que se seguiu, Gronowski saltou para fora.
Ele sobreviveu à Segunda Guerra Mundial se escondendo, mas sua família pereceu em Auschwitz, onde mais de um milhão de pessoas, na maioria judeus, foram assassinadas.
"Estou aqui por causa de um milagre. Saltei de um comboio da morte", disse Gronowski. "Era muito infeliz quando tinha 14, 15, 20 anos. Chorava muito. Mas nunca senti ódio. Para mim, o ódio é uma doença. Isso eu nunca tive".
Depois de se manter em silêncio durante décadas, nos anos 2000 ele decidiu escrever um livro de memórias.
O compositor britânico Howard Moody se sentiu tão inspirado pela história de Gronowski depois de conhecê-lo em uma apresentação teatral anos atrás que compôs uma ópera baseada em sua vida.
A ópera "Push" já foi encenada várias vezes na Bélgica e no Reino Unido.