UREÑA, Venezuela/CÚCUTA, Colombia (Reuters) - Tropas venezuelanas lançam bombas de gás lacrimogêneo no sábado em cerca de 200 pessoas que tentam atravessar para a Colômbia após o fechamento temporário da fronteira pelo governo do presidente Nicolás Maduro para impedir a entrada no país de ajuda humanitária à nação petrolífera.
O confronto surgiu quando o grupo tentava cruzar a ponte Francisco de Paula Santander (SA:SANB11), que liga a cidade venezuelana de Ureña com a colombiana Cúcuta, para trabalhar em território colombiano foram dispersados por integrantes da Guarda Nacional Antimotim, conforme uma testemnha da Reuters no local.
A oposição venezuelana liderada por Juan Guaidó, a quem dezenas de países reconhecem como presidente interino, prevê no sábado a entrada de toneladas de alimentos e remédios para a Venezuela a partir de países vizinhos como Colômbia e Brasil.
O governo de Maduro rejeita a existência de uma crise humanitária no país produtor de petróleo e descreve como "um show barato" a tentativa do oponente de levar suprimentos ao país, embora desde 2015 pelo menos 3,4 milhões de pessoas tenham deixado o país, segundo as Nações Unidas.
Na sexta-feira passada, o vice-presidente executivo da Venezuela, Delcy Rodríguez, relatou o "fechamento temporário" das pontes fronteiriças Simón Bolívar, Santander e Unión, os caminhos mais próximos da cidade colombiana de Cúcuta, onde está a maior parte da ajuda.
"Assim que as ações grosseiras de violência contra nosso povo e nosso território forem controladas, a normalidade da fronteira será restaurada", escreveu a autoridade em sua conta no Twitter, um novo passo na política do governo Maduro de reforçar a segurança nas fronteiras para evitar incursão.
Enquanto isso, quatro membros da Guarda Venezuelana desertaram por duas pontes ao longo da fronteira colombiana em meio à crescente tensão devido à passagem da ajuda.
"Venezuela: aqueles soldados e soldados das Forças Armadas que decidem se unir à nossa luta não são desertores, eles decidiram se aliar ao povo e à Constituição. Bem-vindos! A chegada da Liberdade e da Democracia na Venezuela já é imparável". escreveu em sua conta no Twitter Guaidó, que foi proclamado presidente interino há um mês.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, chegou à fronteira em Tienditas com Guaidó, onde planeja entregar centenas de toneladas de alimentos e remédios para a oposição de Maduro transferir e distribuir para milhares de pessoas necessitadas.
A ponte internacional Simón Bolívar, a principal passagem entre os dois países, ainda estava bloqueada por membros da Guarda Venezuelana, enquanto voluntários de Guaidó pediram a eles que a abrissem para mobilizar ajuda humanitária.
Analistas políticos acreditam que o plano para entrar na assistência tem menos a ver com a solução das necessidades da Venezuela e mais para provar a lealdade dos militares a Maduro.
A comunidade internacional pediu aos militares venezuelanos que permitam a passagem de alimentos e medicamentos.
Enquanto isso, na área de fronteira com o Brasil, havia dois bloqueios na estrada entre Santa Elena de Uairén e a passagem para o país vizinho.
Dois caminhões estavam avançando em direção a Pacaraima, a cidade mais próxima da fronteira com a Venezuela, transportando toneladas de ajuda "e a expectativa é de que as forças que controlam a fronteira permitam o acesso aos caminhões", disse o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
(Reportagem de Anggy Polanco e Nelson Bocanegra)