Por Ernest Scheyder e Peter Henderson
HOUSTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou ao Texas nesta terça-feira e prometeu que o governo fará uma resposta completa à devastadora tempestade Harvey, o maior desastre natural ocorrido desde que assumiu a Casa Branca, enquanto as autoridades de Houston lutavam para administrar as chuvas recordes.
A tempestade, que se move lentamente, provocou inundações catastróficas no Texas, matou ao menos 11 pessoas, forçou retiradas em massa e paralisou Houston, a quarta maior cidade dos EUA. Autoridades municipais estavam se preparando para abrigar até 19 mil pessoas, e mais milhares devem fugir da área conforme as inundações entraram no quarto dia.
As autoridades do condado de Harris, onde Houston se situa, disseram que os reservatórios construídos para o escoamento das águas estavam começando a transbordar nesta terça-feira. Elas incentivaram os moradores a se retirarem enquanto liberam a água para aliviar a pressão em duas represas, uma medida que intensificará a inundação ao longo do curso de água de Buffalo Bayou, que atravessa a área.
O condado de Brazoria, ao sul de Houston, também orientou a retirada imediata nos arredores de um dique de Columbia Lakes que foi rompido pelas enchentes do Harvey, o mais poderoso furacão a atingir o Texas em mais de 50 anos.
Trump, falando em Corpus Christi, perto de onde Harvey tocou a terra na semana passada, disse querer que o esforço de socorro seja um exemplo de como responder a uma tempestade.
"Queremos fazê-lo melhor do que nunca", disse ele.
Trump falou mais tarde a uma multidão de pessoas afetadas pela tempestade.
"Esta tempestade, é épico o que aconteceu. Mas vocês sabem, isso aconteceu no Texas, e o Texas pode lidar com qualquer coisa", afirmou Trump, antes de agitar uma bandeira do Estado do Texas.
A tempestade suscitou comparações com o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans há 12 anos, matando 1.800 pessoas. O ex-presidente George W. Bush foi amplamente criticado pela resposta de seu governo a esse desastre, perdendo apoio da população. Trump claramente pretende evitar uma reação semelhante.
MORTE DE POLICIAL
Uma 11ª morte foi relatada na terça-feira - o sargento da polícia de Houston Steve Perez, de 60 anos, um veterano da força policial, cujo corpo foi encontrado depois de aparentemente se afogar enquanto tentava trabalhar no domingo, disse o chefe da polícia, Acevedo, a repórteres.
Acevedo afirmou que a família de Perez pediu que ele não deixasse a casa por causa das inundações perigosas, mas o oficial disse a eles: "Temos trabalho a fazer".
Cerca de 3.500 pessoas já foram resgatadas desde a elevação das águas na área de Houston, e a polícia, os bombeiros e soldados da Guarda Nacional continuam tentando localizar pessoas ilhadas.
"Esta é uma tempestade de proporções históricas. Não só na cidade de Houston e não só no condado de Harris, mas na região inteira", disse o prefeito de Houston, Sylvester Turner, aos repórteres, acrescentando que os abrigos da cidade serão abertos a todas as pessoas fugindo da tempestade. "Estamos nos colocando à disposição".
A tempestade quebrou os recordes de chuva do Texas em um local de medição situado ao sul de Houston, que registrou 1,25 metro de precipitação desde a chegada do Harvey. As chuvas atuais são mais do que a região recebe normalmente em um ano e ultrapassaram o volume de 1,22 metro registrado em 1978.
Vários saqueadores foram presos de segunda para terça-feira, disse a polícia.
O Harvey abalou os mercados de energia e causou estragos estimados em bilhões de dólares. A reconstrução deve se estender além do mandato de quatro anos de Trump no cargo.
O Harvey deve alcançar a Louisiana no início da quarta-feira, um dia depois do 12o aniversário do Furacão Katrina.
(Reportagem adicional de Gary McWilliams e Erwin Seba em Houston, Andy Sullivan em Rockport, Texas, Jon Herskovitz em Austin, Steve Holland a bordo do Força Aérea Um e David Gaffen em Nova York)