Por David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - A Casa Branca invocou nesta quarta-feira o princípio legal do privilégio executivo para impedir a divulgação da versão integral do relatório Mueller sobre a interferência russa na eleição norte-americana de 2016, desafiando democratas da Câmara dos Deputados no momento em que se reuniam para votar se o secretário de Justiça, William Barr, deve ser responsabilizado por se recusar a entregar o documento.
A manobra da Casa Branca eleva o conflito constitucional entre a Câmara, controlada por democratas, e o presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, sobre os poderes da Casa de investigá-lo, além de seu governo, sua família e seus interesses corporativos.
A presidente da Câmara e principal democrata no Congresso, Nancy Pelosi, disse que as manobras de Trump para frustrar intimações estavam obstruindo a supervisão de parlamentares e investigações sobre a interferência russa para impulsionar a candidatura de Trump na eleição de 2016 -- alvo principal do relatório do procurador especial Robert Mueller.
Pelosi acrescentou que Barr, que como secretário de Justiça também é o procurador-geral dos EUA, deve ser responsabilizado pelo Congresso.
No mês passado, Barr divulgou uma versão editada, com trechos encobertos, de 448 páginas do relatório Mueller com as descobertas dos 22 meses de investigação. Barr se recusa a atender a uma intimação do Comitê Judiciário da Câmara para disponibilizar uma versão não-editada e as evidências subjacentes.
O privilégio executivo é reivindicado por presidentes dos EUA para impedir que outros setores do governo tenham acesso a informações sobre informações internas do Executivo.
(Por David Morgan; Reportagem adicional de Susan Cornwell, Roberta Rampton, Sarah N. Lynch, Richard Cowan e Susan Heavey)